Veja matéria de capa do site Brasil 247:
247 – Já era noite, ontem, quando o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, telefonou para o governador de Goiás, Marconi Perillo.
– Quero agradecer, em nome da presidente Dilma, pelo seu gesto – disse Mercadante.
Horas antes, na inauguração da Ferrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO), Perillo não mediu elogios para se referir à presidente Dilma. Referiu-se a ela como uma pessoa “íntegra, republicana e honesta”. Mais: disse ainda que não “devia satisfações a ninguém” (leia mais aqui).
– O que você falou é muito importante neste momento que ela e nós, do governo, estamos vivendo – disse Mercadante.
O ministro referia-se ao acirramento dos ânimos políticos, à medida em que as eleições presidenciais se aproximam.
Dilma ficou tocada não só pelo discurso de Marconi, mas também pelo que foi dito nas conversas reservadas entre os dois, antes e depois da cerimônia da Norte-Sul.
O tucano, evidentemente, deixou claro que fará campanha pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG). Mas fez também uma inconfidência. Disse que na eventualidade de um segundo turno entre Dilma e Eduardo Campos, do PSB, abriria uma dissidência na oposição para apoiá-la. Esse gesto é reflexo da parceria entre os governos federal e de Goiás nos últimos anos, que permitiu investimentos de mais de R$ 1,5 bilhão no estado.
Impactos locais e nacionais
A aproximação entre Dilma e Marconi tem reflexos na política local e também nacional. No plano regional, houve a surpresa, ontem, com a decisão do bilionário Júnior Friboi, que desistiu de concorrer ao governo de Goiás pelo PMDB. Friboi, um neófito na política, perdeu a briga para o veterano Íris Rezende, que será mais uma vez candidato.
Com isso, a tendência, agora, é que o PT comece a rifar a candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, uma vez que o presidente da legenda, Rui Falcão, disse inúmeras vezes que o partido estaria pronto para apoiar o PMDB caso Íris fosse o candidato – mas jamais Friboi.
Caso a candidatura de Gomide seja mantida à fórceps, dificilmente contará com o entusiasmo de Dilma. Um quadro bem distinto do que ocorreu em 2010, quando o ex-presidente Lula se engajou pessoalmente na disputa em Goiás para tentar derrotar Marconi – desafeto desde 2006, quando afirmou que o alertou sobre o chamado “mensalão”.
Distensão PT-PMDB
O diálogo amistoso com um governador tucano também sinaliza que Dilma gostaria de abrir uma distensão maior com o PSDB, num eventual segundo mandato. O que ela tentou em seus primeiros anos de governo, aproximando-se também de governadores como Geraldo Alckmin e até do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na cerimônia de ontem, no entanto, o que mais tocou a presidente Dilma foi o que ela qualificou como “coragem” do governador goiano, que fez um discurso surpreendente e conciliador, num momento de radicalização política.