O ex-secretário estadual da Saúde Antonio Faleiros escreveu artigo para O Popular, publicado neste sábado, que é uma verdadeira pancada em Iris Rezende. Presente nos principais momentos da política goiana nos últimos 35 anos, Faleiros mostram bem como Iris sempre mentiu.
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Opinião
07/06/2014
Volta Iris: o retorno de um só homem
A sensação é de um déjà vu: eu pelo menos já vi esse mesmo jogo de cena, como testemunha e partícipe da política goiana nos últimos 35 anos. Iris Rezende não muda em nada sua conduta política teatral e anacrônica. Iris não muda nem as fotos e poses divulgadas na mídia. Íris não muda as promessas e os preâmbulos feitos aos companheiros de partido.
Em 1986, acompanhei a postulação de Henrique Santillo ao governo do Estado. Iris era ministro da Agricultura e nossa preocupação, no núcleo do PMDB goiano, era com sua postura como ministro junto à eleição. Mauro Borges, homem sério e leal, era correligionário de Santillo e só saiu candidato para disputar com Santillo porque Henrique tinha o “apoio” de Iris (que, aliás, não teve grande significado, pois se não tivéssemos feito uma campanha dura, se dependêssemos do apoio do ministro, não teríamos tido êxito).
No governo, Santillo passou por dificuldades enormes. Atravessou seis planos econômicos no mandato dele. Uma situação financeira extremamente difícil. Para completar, veio o acidente com o césio 137 e as despesas decorrentes financiadas pelo governo do Estado, que assumiu todo o ônus. Por incrível que pareça não tivemos a solidariedade nem do governo Sarney e muito menos do então ministro Iris, que para cá não veio para dar seu apoio, nem assistência às vítimas.
Outra prova de seu “apoio” foi a leniência com o resultado do PPM, um programa de pavimentação municipal que seria financiado pela Caixa Econômica Federal, autorizado pelo presidente Sarney. Com as obras já em andamento, a Caixa negou o financiamento, na última hora, provocando um baque enorme nas finanças do Estado.
Mas o episódio mais interessante que pude testemunhar foi o da eleição majoritária de 1989 quando existiam três pré-candidatos do PMDB: Ulysses Guimarães (naquela época o candidato natural dentro do PMDB), Valdir Pires (da Bahia) e Iris Rezende.
Santillo procurou o ministro Iris para saber se sairia mesmo candidato à Presidência. Ele negou. Santillo disse que, então, assumiria o compromisso de apoiar Ulysses, repito, o candidato mais que natural àquela altura. No entanto, Iris lançou sua candidatura e Santillo por sua postura ética não participou da reunião do diretório. Disputaram a convenção e como resultado Ulysses ficou em primeiro e Valdir em segundo. Foi quando Iris, que ficou em terceiro lugar, voltou seus canhões de perseguição a Santillo, culpando-o pela derrota.
Por que me lembrei de tudo isso? Lendo a carta de Júnior Friboi em que ele conta que fez essas mesmas perguntas, agora, em 2014, ao mesmo personagem. Santillo tentou viabilizar minha candidatura ao governo, sugerindo que Iris fosse candidato ao Senado por seu trânsito junto ao Planalto Central. Seria um projeto político viável para Goiás.
Ele, mais uma vez, afirmou não queria o governo do Estado, produziu toda uma cena, para depois obter um efeito “Volta Iris”. Ah, se tivéssemos guardado as fotos das faixas que os correligionários espalharam pela cidade do famoso “Volta Iris”. Recurso que ele adotou novamente agora. Vi a foto nos jornais onde Iris aparece carregado nos ombros pelos partidários e relembrei o que fez há 25 anos. A mesma pose, inclusive. É a mesma prática, só que hoje sem a mesma força política. Como se percebe, ele não deixa ninguém crescer à sua sombra. Não é generoso para estender seu legado a outros.
Mauro Borges, Irapuan Costa Júnior, Lúcia Vânia, Santillo e todo o seu grupamento político no qual me incluo, poderiam hoje estar fortalecendo o PMDB, mas não puderam, saíram, não tinham espaço, por ser este em Goiás, infelizmente e ainda, o partido de um homem só.
Antonio Faleiros Filho é médico e pré-candidato a deputado federal pelo PSDB