As matérias publicadas por O Popular sobre as convenções do PSDB e do PMDB, em edições diferentes, são um primor de esperteza jornalística e ma fé de que as escreveu.
Lógico, quem assina as reportagens só poderia ser a repórter política Fabiana Pulcineli, que nutre notória antipatia pelos políticos em geral, mas muito mais pelo governador Marconi Perillo e muito menos por Iris Rezende – diz-se até que, na campanha de 2010, Fabiana teria postado nas redes sociais que achava Iris muito mais preparado para governar Goiás, mas isso nunca foi comprovado.
Na matéria sobre a convenção do PSDB, Fabiana foi reproduzindo as propostas apresentadas pelo governador, entre aspas, contestando cada uma delas, na sequência. Em vez de simplesmente informar o conteúdo da fala de Marconi, ela fez o papel de consultora da oposição e acrescentou argumentos contrários ao que foi dito.
Já na reportagem sobre a convenção do PMDB, a técnica de Fabiana se inverteu. Ao destacar frases entre aspas do discurso de Iris, ela anexou informações que supostamente comprovariam os ataques do velho cacique peemedebista.,
O resultado é que, para quem leu os dois textos, é claro que a fala de Iris pode soar mais convincente que a de Marconi, já que a isenção editorial foi deixada de lado. Por exemplo: quando citou a acusação de Iris de que o Governo do Estado gasta com publicidade, Fabiana emendou, por conta própria, informando que esses gastos somariam, até agora, R$ 450 milhões de reais, um número que Iris não citou..
Mas, muito pior do que usar dois pesos e duas medidas para analisar discursos de candidatos ao mesmo cargo eletivo, foi a jornalista informar que o PMDB “desfraldou a bandeira da ética” e não fazer nenhuma observação sobre o fato de que o presidente do partido, Samuel Belchior, que fez o primeiro discurso da convenção, está indiciado em um inquérito da Polícia Federal sobre fraudes em fundos de pensão municipal, teve a casa vasculhada pelos agentes federais e foi levado coercitivamente para depor na PF. Ou que o próprio Iris já foi envolvido em casos polêmicos, de repercussão nacional, e responde, no momento, a processos por improbidade administrativa.
Outra: na matéria sobre a convenção do PSDB, ela fez questão de destacar o comparecimento de dois políticos citados na Operação Monte Carlo. Na do PMDB, ignorou a presença de vários peemedebistas – e não só Samuel Belchior – envolvidos em escândalos, processos judiciais por improbidade administrativo e outros casos de corrupção (e isso com o partido anunciando a honestidade e a moralidade como bandeira de campanha).
Não disse, também, que as acusações contra Marconi, na convenção do PMDB, não foram acompanhadas de nenhuma prova.
Em suas redes sociais, Fabiana Pulcineli vive retuitando agressões e ataques ao governador, publicadas originalmente por peemedebistas e petistas. Como se sabe, quem retuita… está concordando com o que está escrito no tuíte.
Isso, em Goiás, é jornalismo. Fora daqui, seria demissão na certa.
