quarta-feira , 8 maio 2024
Goiás

Teoria conspiratória: Ana Carla seria “representante do capitalismo paulista” e teria vindo “para desmontar a política de incentivos fiscais” que atrai empresas para Goiás (e quase conseguiu)

A economista Ana Carla Abrão Costa, que ocupou por 2 anos a Secretaria Estadual da Fazenda e, nesse período, provocou pela primeira vez fortes abalos na política de incentivos fiscais que vigora em Goiás há mais de 40 anos e se tornou muito mais forte com o governador Marconi Perillo, sempre morou fora do Estado, desde jovem, e por isso tinha pouca intimidade com a realidade goiana.

Desde jovem, Ana Carla estudou fora, primeiro na Suiça, depois na Universidade de Brasília e finalmente na Universidade de São Paulo. Casou-se por 3 vezes, mas nunca teve um marido goiano: um era do Rio de Janeiro e os outros dois, inclusive o atual, Persio Arida, de São Paulo (e ligadíssimo ao empresariado paulista). Trabalhou também como analista em alguns bancos, nas suas sedes paulistas. Nunca teve conhecimento (e nem interesse) algum sobre as particularidades da economia goiana e sobre a luta para desenvolver o Estado.

É daí que vem a teoria conspiratória que diz que Ana Carla veio para Goiás como agente infiltrada do empresariado paulista, com o objetivo de sabotar a sólida política de incentivos fiscais para a atração de empresas, que, até a sua passagem pela Sefaz, nunca havia sido questionada ou sequer abalada de qualquer forma. Essa estratégia, como se disse, reforçada nos governos Marconi, atraiu centenas de empresas para Goiás, ao conceder fortes benefícios tributários, estimulando o desenvolvimento do Estado. Sem os incentivos, essas empresas, em sua maioria, estariam hoje provavelmente instaladas… em São Paulo.

Essa visão é um evidente exagero. Mas é mais comum do que se pensa entre políticos graduados e empresários de grande calado em Goiás. Um fato é concreto: durante os 2 anos de Ana Carla na gestão das finanças estaduais, o ataque aos incentivos fiscais foi uma constante e contou até mesmo com uma tentativa para a sua supressão total, através de artigos infiltrados no projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, que ela tentou, mas não conseguiu implantar. Se essa LRFE tivesse se tornado realidade (seria um caso único entre os Estados brasileiros), a concessão de novos benefícios tributários seria inviabilizada, mas o mais sério é que os já distribuídos seriam reavaliados com rigor e com certeza revogados.

Uma ironia à parte nessa estória toda é que o pai de Ana Carla, o engenheiro Irapuan Costa Júnior, foi governador de Goiás, fez uma ampliação nos incentivos fiscais na época e se tornou um dos maiores responsáveis pela industrialização do Estado, ao implantar o DAIA – Distrito Agroindustrial de Anápolis – de certa forma contrariando os interesses hegemônicos de São Paulo.

Não à toa, em sua edição deste domingo, o Jornal Opção registra: “Estrelas do Fórum Empresarial não foram à posse do novo secretário da Fazenda, Fernando Navarrete. Até queriam prestigiá-lo, mas não queriam aparecer como plateia para a secretária que estava saindo, Ana Carla Abrão. A ex-secretária Ana Carla Abrão e os empresários que têm incentivos fiscais romperam o diálogo e não se toleram”.