Com uma citação bem humorada de Macunaíma, o personagem do escritor Mário de Andrade (“muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são”), o editorial desta sexta-feira de O Popular cobra das Prefeituras de Goiânia e Aparecida uma ação mais efetiva para melhorar o atendimento de saúde da população nos Cais municipais.
O texto afirma que as duas Prefeituras estão inertes diante da evasão de médicos dos seus quadros, em função da falta de perspectivas de valorização salarial e profissional.
Leia o editorial de O Popular na integra:
Sem saúde e sem médicos
Neste ano nada menos do que 200 médicos da Secretaria Municipal de Saúde, que tem em seus quadros 1,8 mil desses profissionais, pediram demissão da rede municipal. Cerca de cem deles trocaram a prefeitura de Goiânia pelo Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica, do governo federal, que visa levar os recém-formados para o interior.
Algo semelhante ocorre em outros municípios, como em Aparecida de Goiânia, e por enquanto não surgem perspectivas de que este problema será superado.
Prega-se até a contratação de médicos estrangeiros, alternativa no entanto condenada pelos Conselhos Federal e Regional de Medicina, que argumenta que a grande causa do problema seria a má distribuição dos médicos, tanto em Goiás quanto em outros Estados.
Em reportagem publicada na edição de ontem, este jornal registra a dolorida queixa de pessoas que não conseguem ser atendidas, como Severino Cavalcante, de 65 anos, que não encontra outro meio de assistência médica.
Na década de 1920 o escritor Mário de Andrade colocou na boca de seu personagem Macunaíma a expressão “muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são.” Passaram-se já mais de nove décadas, o Brasil acabou há algum tempo com a saúva, inimiga de sua agricultura, mas o mal da saúde continua e nada mais desolador do que constatar esta realidade.