Para o jornalista Cezar Santos, está difícil para Ronaldo Caiado e Vanderlan Cardoso romperem a histórica polarização entre PSDB e PMDB em Goiás.
Ele diz que a candidatura de um deles fica cada vez mais difícil.
Veja a análise na íntegra:
Caiado e Vanderlan vão persistir?
Candidatura ao governo fica cada vez mais difícil à medida que a histórica polarização vai se confirmando
Cezar Santos
O deputado Ronaldo Caiado (DEM) é pré-candidato ao governo. O ex-prefeito Vanderlan Cardoso (PSB) também é. Os dois estão juntos e a conversa é que quem estiver melhor nas pesquisas, no momento da definição em convenção, vai encabeçar a chapa. O problema é que a delimitação do campo já está feita.
O governador Marconi Perillo (PSDB), parece não haver mais nenhuma dúvida, será candidato à reeleição. Do outro lado, a aliança PMDB-PT deve marchar unida. Mais cedo ou mais tarde o imbróglio Júnior Friboi será resolvido. E aí Friboi ou Iris vai enfrentar Marconi.
Nesse quadro, é pouquíssimo provável que a histórica polarização na disputa pelo Palácio das Esmeraldas se desmanche. Com isso, a pergunta é inevitável: onde fica a terceira via?
Não, não há lugar para terceira via, muito menos para delírios de uma noite de verão como quarta via, o que um ou outro chega a sugerir, como o deputado Armando Virgílio (PSD). Portanto, se Caiado e Vanderlan acordarem em tempo, não vão teimar na aventura.
Nesse quadro, podem-se especular três possibilidades para eles: 1) um vai para Marconi e o outro para o PMDB-PT; 2) os dois vão para Marconi; e 3) eles seguem como candidatos, para ver o que vai dar — o abraço de afogados.
Na primeira hipótese, quem iria para Marconi e quem iria para o PMDB-PT? Mas fácil Caiado ir para a base aliada. Ele já disse que segue o que seu partido decidir, e praticamente todo o DEM está com Marconi, desde os prefeitos os dois deputados estaduais (Helio de Sousa e José Vitti) e o senador Wilder Morais. Vanderlan recrudesceu nas críticas ao governo, o que o tem aproximado da oposição, sem contar que há uma afinidade natural com o colega empresário Júnior Friboi. Se Friboi for o candidato ao governo, fica mais fácil atrair Vanderlan.
Uma boa conversa
A segunda hipótese, Caiado e Vanderlan aderirem à base aliada, não é impossível. Caiado pelos motivos já expostos. Já no caso de Vanderlan Cardoso, uma boa conversa pode dar jeito na situação. Lembre-se que na chapa majoritária ainda tem os cargos de vice, de senador e de senador. Por falar nisso, imagine-se Caiado no Senado… seria uma rima e ele faria um barulho e tanto.
Já a terceira e última hipótese é realmente o abraço de afogados. Ronaldo Caiado e Vanderlan Cardoso são políticos muito inteligentes. Resta saber se vão continuar sendo. São dois nomes conhecidos, Caiado muito mais, até pelo trajeto bem mais extenso que o neossocialista Vanderlan Cardoso, que por sua vez não é nenhum desconhecido.
Vanderlan foi prefeito de Senador Canedo por dois mandatos consecutivos e pode-se dizer que dividiu a história do município em antes e depois dele. Antes era o atraso total, uma cidade feia, de gente sem nenhum motivo de orgulho por morar lá. Depois, a realidade passou a ser outra. Senador Canedo hoje é uma cidade de gente com a autoestima em alta, por isso mesmo cobiçada por muitos políticos.
Essa credencial foi o que levou Vanderlan a ter cerca de 500 mil votos na eleição ao governo em 2010. Um desempenho que o ele próprio considera bom, mas que deve ser relativizado, levando em consideração que ele nem chegou ao segundo turno, que foi disputado por Marconi Perillo e Iris Rezende. E lembrando ainda que Vanderlan teve a máquina estadual de Alcides Rodrigues a seu favor. De qualquer forma, os 500 mil votos de Vanderlan são um espólio que deve ser levado em conta, mas é bom lembrar que esses votos não têm portabilidade.
Já Ronaldo Caiado é o político goiano mais conhecido no Congresso Nacional na atual legislatura. Um dos líderes da bancada ruralista, um oposicionista que incomoda os adversários petistas do governo. É um dos políticos brasileiros mais preparados, mas seu cacife para disputar o governo estadual carece de força, não pela pessoa, mas pela legenda, já que o DEM está em franca decadência.