Veja matéria publicada na edição deste domingo em O Popular:
Sucessão 2014
Ofensiva de Júnior expõe divisão
Empresário articula apoio de prefeitos para antecipar definição de nome e desagrada aliados de Iris Rezende
Caio Henrique Salgado 25 de agosto de 2013 (domingo)
mais uma vez disputar o governo estadual, a adoção de táticas mais agressivas por parte do empresário José Batista Júnior intensificou o desconforto no PMDB, mesmo a mais de um ano das eleições de outubro de 2014. Na contramão da tentativa de jogar a discussão de nomes para o ano que vem, capitaneada pela cúpula da sigla, as movimentações políticas podem causar divisão, temem peemedebistas.
Filiado ao PMDB desde maio com a intenção declarada de ser o candidato do partido ao governo, Júnior chegou ao partido com o discurso de que é amigo de Iris há 30 anos, que o ex-governador declarou não ter intenção de se candidatar e honra compromissos. No entanto, em resposta a ações e declarações recentes de Iris, o empresário adotou uma postura que tem sido encarada como de enfrentamento.
Entre elas, Júnior passou a defender de forma mais incisiva a definição do candidato do partido ainda neste ano, posição que vai na contramão do que pensa o grupo próximo a Iris e integrantes da executiva do partido, além da chamada velha guarda. Um dos reflexos da insatisfação seria a decisão de Iris não participar mais de eventos do PMDB, ao menos por enquanto.
A antecipação da candidatura tem sido articulada com membros de diretórios municipais e prefeitos. O segundo grupo marcou para 9 de setembro uma reunião, onde deve ser hipotecado apoio ao nome do empresário. “Vamos tentar reunir os 56 prefeitos do PMDB e eu tenho certeza que a grande maioria está com o Júnior. Vamos redigir um documento hipotecando apoio à sua pré-candidatura”, afirma Luiz Juvêncio, que é prefeito de Guapó e é um dos articuladores do evento ao lado de Eronildes Valadares (Porangatu).
Apesar de o próprio prefeito dizer que se trata de um ato espontâneo onde o empresário será apenas convidado, peemedebistas ligados a Iris apontam que o Júnior tem interesse e, através de aliados, é um dos articuladores do ato, que pode gerar desgastes.
Articulação
Peemedebistas ligados a Iris apontam que a postura de Júnior, encarada como uma tentativa de forçar que Iris declare apoio a seu projeto, é imatura e pode minar seu projeto. “Falta uma vivência política maior. Ele deveria articular de uma maneira diferente esse ‘querer ser candidato’. O Iris é hoje o cara de maior prestígio em Goiás e ele precisa entender isso. Uma coisa é ser candidato, outra é ganhar eleição. E ele não faz isso sem Iris”, diz um correligionário.
O ex-governador tem dito que se conseguir se viabilizar politicamente, Júnior é o candidato natural do PMDB, mas avalia que uma definição não é possível antes de abril ou maio do próximo ano.
A posição é referendada pelo vice-presidente do PMDB em Goiás, o deputado estadual Bruno Peixoto. “Temos de aguardar mais para ver qual candidato consegue aglutinar o PMDB e os partidos da oposição. É preciso um maior amadurecimento. Precisamos escutar a população”, defende ele.
Articulador da ida de Júnior para o PMDB, Leandro Vilela, um de seus principais aliados, discorda. “Ninguém quer e deve adiantar a definição. Agora, em dezembro o partido precisa definir. Precisa ter tempo de definir alianças, definir a equipe de campanha. Identificar pessoas, levantar equipe, conversar com um e com outro leva tempo. Você não pode nem antecipar demais e nem deixar para a última hora. O timing necessário é dezembro”, diz.