segunda-feira , 25 novembro 2024
Goiás

Está na cara: processo de abertura das escolas estaduais para as OSs está sendo montado para não dar certo e inviabilizar a ideia

Só um cego não vê: a Secretaria da Educação está montando o processo de abertura das escolas estaduais para o sistema de gestão através das Organizações Sociais com o objetivo de comprovar que a ideia não é boa, não vai dar certo e não é viável para Goiás.

É só observar as declarações da secretária Raquel Teixeira e tirar as conclusões. Ela não consegue esconder que é doutrinariamente contra a introdução das OSs na Educação estadual – sem nenhuma razão a não ser uma visão ideológica que concede ao Poder Público uma clarividência educacional que, na prática, não existe. Na verdade, as OSs nas escolas estaduais quebrariam o corporativismo dos professores ao instituir forçosamente um sistema de avaliação, que afastaria os incompetentes e privilegiaria os mais capacitados – e avaliação é tudo de que os professores brasileiros, não apenas os goianos, querem distância.

Raquel Teixeira primeiro tentou impor a ideia de que deveria haver uma avaliação sobre o melhor sistema para o ensino estadual – se OSs, se PPPs, se um outro sistema qualquer. Como a determinação que ela recebeu do governador Marconi Perillo foi para implantar as OSs (e ela disse sim ao aceitar a nomeação para a Secretaria), Raquel acabou engolindo a ordem goela abaixo e criou uma “solução” destinada a acabar com a propostas das OSs: resolveu que, primeiro, seria preciso fazer um “teste” e, para esse teste, indicou as 26 escolas da região de Águas Lindas, um município problemático e repleto de problemas sociais, localizado na periferia do Entorno de Brasília.

Primeiro, não há necessidade de “teste” algum. AS OSs vão apenas fazer a gestão administrativa e financeira das escolas, ficando o conteúdo pedagógico a cargo da orientação oficial da Secretaria da Educação. Sendo assim, testar para quê? Seria o mesmo que “testar” o sistema de OSs nos hospitais estaduais, na suposição de o tratamento de uma doença ou a realização de cirurgia incluiria opções a não ser aquelas determinadas pela ciência e pela medicina. As OS farão apenas a administração das escolas, cabendo aos professores, sob coordenação pedagógica da Secretaria da Educação, ministrar o ensino.

Segundo, ao direcionar esse “teste” para uma região crítica do Entorno, ficou clara a intenção de espantar as possíveis Organizações Sociais interessadas – algo que a secretária já está antecipando, ao dizer que já fez dois chamamentos (o que não é verdade, só fez um e há apenas 10 dias) e que até agora não houve interessados.

A justificativa para o “teste” é que é preciso ter responsabilidade e cuidado, porque se trata da educação das crianças e adolescentes goianos. Mas… quando e onde a introdução das OSs nas escolas estaduais afetaria o ensino em Goiás? Como já se disse, as OSs vão cuidar só da gestão, ficando os professores encarregados de dar as aulas, conforme os padrões da Secretaria da Educação, assim como, nos hospitais estaduais, as OSs cuidam só da gestão – as cirurgias e os tratamento continuam e continuarão sendo feito pelos médicos e de acordo com os critérios da ciência e da medicina.

O correto seria definir um pacote de escolas, de estrutura física adequada, na região mais urbanizada do Estado, entre Goiânia, Aparecida, Senador Canedo e Anápolis. Em condições satisfatórias assim, o novo modelo atrairia um número maior de Organizações Sociais e poderia mostrar a sua viabilidade já agora em 2016, espalhando-se em 2017 para o restante das escolas estaduais, inclusive as de Águas Lindas. Mas, ao condenar a experiência às dificuldades estruturais da região do Entorno, a mais de 300 quilômetros de Goiânia, o desfecho contratado parece inexorável: não vai haver interessados e, se houver, as OSs pioneiras vão enfrentar graves problemas e poderão até desistir ou fracassar no cumprimento da missão.

Em resumo: está tudo sendo feito para inviabilizar a ideia das OSs na Educação.

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