Depois que assumiu o comando do PSB em Goiás, o empresário José Batista Júnior encampou de vez a sua pré-candidatura a governador, sonho que acalenta há anos. Sua última cartada foi financiar a campanha de dezenas de candidatos a prefeito em 2012, tanto aliados quanto de oposição ao governo estadual.
Além da relativa falta de traquejo político e de não ter uma base de apoio consistente, com vereadores, prefeitos e deputados, Júnior tem outro desafio a enfrentar: o veto dos irmãos Joesley e Wesley, refratários à ideia de bancar uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas que parta do próprio seio familiar.
Joesley e Wesley partem do raciocínio que, para o grupo JBS, é muito mais interessante que Júnior dispute uma vaga no Senado ou na Câmara dos Deputados. Por que? “Business”, eles respondem. Eleger um parlamentar atenderia de forma precisa aos interesses da empresa, além de ser mais barato e exigir um desgaste menor.
No Congresso Nacional, o procurador político do grupo teria condições reais para defender os interesses da JBS – que há muito tempo transpôs os limites de Goiás e se internacionalizou. Deixou o provincianismo para trás.
“CAMPEÃ NACIONAL”
O JBS é instrumento de uma estratégia dos governos do PT de globalizar a economia brasileira por meio de apoio a empresas que têm potencial para se tornarem líderes do mercado global. Foi assim que os irmãos Batista transformaram o pequeno açougue do pai na líder mundial em processamento de proteína.
Levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, o principal diário de economia e negócios do País, aponta que o BNDES já investiu R$ 8,1 bilhões no JBS Friboi. O banco também investiu em outras empresas de alimentos, como Brasil Foods e Marfrig, mas nada se compara ao volume destinado ao grupo nascido em Goiás.
O debate em torno da validade dessa estratégia vem de muito tempo. Estima-se que se o BNDES tivesse que vender hoje suas ações no grupo, levantaria, no máximo, R$ 5,9 bilhões – o que causaria prejuízo de R$ 2,2 bilhões.