sexta-feira , 26 abril 2024
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No Diário da Manhã, cientistas políticos garantem que: oposição dividida favorece Marconi Perillo

Veja matéria de Helton Lenine no Diário da Manhã deste domingo:

Cientistas políticos: oposição dividida favorece Marconi
A falta de unidade e o lançamento de três candidatos pela oposição em Goiás favorecem o projeto de reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), dizem cientistas políticos ouvidos pelo DM

DIÁRIO DA MANHÃ
HELTON LENINE
A indefinição do cenário sobre a sucessão estadual, agravada com a divisão dos partidos oposicionistas (principalmente com o fim da aliança do PMDB com o PT), pode beneficiar o projeto de reeleição do governador Marconi Perillo(PSDB). Esta é a leitura feita por cientistas políticos ouvidos pela reportagem do Diário da Manhã.

O alerta dos cientistas políticos é no sentido de que, ou as oposições resolvam as suas dificuldades internas ou correm risco de não obter êxito nas urnas na disputa direta com o governador Marconi Perillo Como as convenções somente serão realizadas em junho e as eleições em outubro, o governador Marconi Perillo – virtual candidato à reeleição em 2014 – ganha tempo, foca o trabalho administrativo e acompanha os lances divisionistas apresentados pela oposição.

Para os cientistas políticos, a tendência é prevalecer as candidaturas do PMDB (Iris Rezende ou Júnior Friboi, do PT (Antônio Gomide) e do PSB (Vanderlan Cardoso), ambiente que favorece o projeto de reeleição de Marconi Perillo (PSDB e mais 13 partidos).

O surgimento da candidatura do PT, com Antônio Gomide, na opinião dos cientistas políticos, provoca “curto-circuito” na relação com o PMDB, o que afetaria não só a unidade oposicionista em Goiás como também a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff em Goiás.

O PMDB, por sua vez, vive um momento de crise interna, com o acirramento da disputa entre os pré-candidatos Iris Rezende e Júnior Friboi, o que poderá deixar “cicatrizes” até depois das eleições.

O PSB de Vanderlan Cardoso também vive momento particular de dificuldades, principalmente depois que perdeu o DEM de Ronaldo Caiado. Além do mais, Vanderlan diz, alto e em bom som, que não senta para conversar com PT e PMDB sobre unidade da oposição no primeiro turno.

Pedro Célio Borges, cientista político e professor na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, afirma que, embora estejam com candidatos lançados, PT e PMDB só confirmarão a divisão definitiva na convenção de junho, já que os interesses da sucessão presidencial irão influenciar nas deliberações estaduais. “Todo o jogo da oposição ainda consiste em viabilizar a aliança entre PT e PMDB. É isso que vai definir os próximos passos. O PMDB vive o dilema da escolha entre Iris e Friboi, dois perfis políticos diferentes. Gomide tenta se apresentar como o novo. Vanderlan é uma incógnita. No frigir dos ovos, há uma única definição, que é na base aliada, com a provável candidatura de Marconi Perillo.”

Pedro Célio Borges acredita que, mesmo o PT e o PMDB falando em candidaturas próprias ao Palácio das Esmeraldas, a tendência é que ambos busquem manter a aliança em Goiás, principalmente face aos interesses da política nacional.

Wilson Ferreira da Cunha, de Ciência Política e Antropologia da PUC Goiás, diz que a falta de consistência político-eleitoral da oposição em Goiás beneficia o projeto de reeleição do governador Marconi Perillo. “Antônio Gomide não tem projeção estadual e carrega o estigma do fracasso do PT no poder, em nível federal. Júnior Friboi nem nome tem, leva apenas a marca da sua empresa. Iris Rezende tem densidade eleitoral e personifica o PMDB fisiológico e que vive ancorado em ministérios do governo da República.”

Wilson Ferreira da Cunha sustenta que falta à oposição “não apenas unidade de discurso e de ação política, mas, também, projetos que possam ser alternativas aos apresentados pelo governador Marconi, que tem capilaridade eleitoral junto aos prefeitos e lideranças municipais de Goiás.”

Para Franck Tavares, professor do programa de Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Federal, a existência de três candidatos pelo campo da oposição, torna o governador Marconi Perillo favorito à corrida ao Palácio das Esmeraldas. “Com a oposição dividida, o governador pode ser encarado como favorito por motivos como a capilaridade junto à base municipalista, com a realização de obras e benefícios.”

Franck Tavares acrescenta que o governador Marconi Perillo poderá contar, nestas eleições, com que se chama de “inércia para a reeleição.” E completa: “Inércia para a reeleição seria justamente a vantagem de Marconi, que já está no cargo e pode usufruir da visibilidade natural que o poder oferece, algo que os outros concorrentes não têm. Pesa a favor também os problemas internos da oposição, que podem favorecer o governador.”

Franck Tavares diz que o empresário e ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso vive momentos de incertezas políticas. “A candidatura de Vanderlan é, nesse momento, para marcar posição e com objetivo de continuar existindo como uma liderança política, já pensando nas eleições de 2016 em Goiânia, por exemplo. Não é uma candidatura competitiva ao governo estadual. Vanderlan não tem militância ativa, recursos financeiros, tempo na propaganda política de televisão e rádio, capilaridade eleitoral.”

Itami Campos, professor de Teoria Política da UFG e Unievangélica, diz que, na largada, a multiplicidade de candidaturas da oposição pode ser benéfica para a apresentação de ideias e programas, mas que, no curso da campanha, principalmente no segundo turno, pode configurar rupturas intransponíveis e comprometedoras. “É evidente que dois ou três nomes da oposição, na disputa pelo governo do Estado, pode deixar sequelas, o que comprometeria uma união até no segundo turno.”

Para Itami Campos, o governador Marconi Perillo “é cavaleiro da situação”, pois detém a máquina administrativa e reúne em torno de seu projeto à reeleição um “conjunto de forças políticas expressivas, pois são quatorze partidos agregados à sua provável campanha.” Ele lembra que a oposição já perdeu quatro eleições seguidas em Goiás para Marconi Perillo. “Na última campanha, ficou clara a fragilidade do PMDB. Hoje, mais uma vez, o PMDB vive uma crise interna, com dois nomes disputando a candidatura a governador, Iris Rezende e Júnior Friboi.”