Uma rede de intrigas permeada por disputa de poder, ciúmes e rasteiras envolve a tumultuada passagem da carioca Cristiane Schmidt pela pasta mais importante do governo de Goiás, a Secretaria da Economia.
A economista Cris Schmidt, como ela gosta de ser chamada, é uma mulher de muitos e elogiados predicados: é inteligente, bonita, atraente – e muito poderosa. Ela tem livre trânsito no alto escalão econômico de Brasília, especialmente com o ministro Paulo Guedes, de quem foi aluna no curso de Economia.
Não é de se espantar, portanto, que os olhos de Caiado brilham para a secretária: ela pode ser a porta de acesso para que ele consiga o tão sonhado socorro financeiro federal, capaz de dar alento à gestão estadual e permitir que o governo faça investimentos e recupere a popularidade perdida.
Mas se Cris Schmidt é solução na ótica do pragmatismo de Caiado, ela também é um problema: seus atributos intelectuais e físicos granjearam inveja e ciúmes em áreas muito delicadas e próximas ao governador – e isso pode ser fatal para ela.
Embora poderosa, Cris Schmidt não é versada no jogo de intrigas do poder, muito menos nos confins de Goiás, onde mal conhece o caminho de ida e volta da Secretaria da Economia: já deu mostras que é candidamente inexperiente, para não ser dizer ingênua, mesmo porque ingenuidade não combina com o cargo que ocupa.
Pois ela, ao se tornar primeira-ministra do governo Caiado, travestida de Margaret Thatcher do cerrado e com o rompante de comprar briga com empresários na defesa do corte dos incentivos fiscais e com deputados por conta do duodécimo constitucional, criou arestas difíceis de aparar. A começar, diga-se, dentro do próprio Palácio das Esmeraldas, onde ganhou a antipatia da primeira-dama, a leoa Gracinha Caiado, que não se vê à vontade em dividir holofotes com a secretária forasteira.
Gracinha já teria pedido a cabeça de Cris Schmidt a Caiado, mas o governador reluta em descartar a charmosa auxiliar porque ainda tem uma ponta de esperança no milagre da ajuda financeira de Paulo Guedes. Porém, a pressão está aumentando na medida em que nada acontece e o pleito goiano vai sendo empurrado com a barriga pelo governo Bolsonaro.
De todo o modo, a situação vivida por Cris Schmidt não é das melhores. Consta que ela já teria redigido a carta de demissão, mas foi demovida de entregar o cargo pela amiga e antecessora Ana Carla Abrão, que a convenceu no meio da semana – não se sabe com que argumentos – a esperar mais um pouco para tomar a medida extrema.
Se vai aguentar o tranco, aí são outros quinhentos.