Em troca de merrecas, Goiás corre o risco de abrir mão de uma empresa estratégica, transferindo grande parte da gestão de recursos hídricos no Estado para algum grupo privado – provavelmente estrangeiro, diante da destruição virtual da engenharia nacional na segunda metade da década.
· Não custa recordar que a venda da Saneago ocorreria num momento sensível na gestão dos principais mananciais do Estado, ameaçados pela destruição de matas ciliares, índices pluviométricos abaixo de médias históricas, queda na vazão por uso excessivo dos recursos, desperdícios, assoreamento e outros desvios.
· Ao contrário da Celg Distribuição, levada a um estágio de quase exaustão econômica e financeira por anos de maus-tratos, a empresa goiana de saneamento vinha em recuperação, conseguiu resistir à tal “Operação Decantação”, mandada aos arquivos pela Justiça Federal, e antecipa um ambicioso plano de investimentos para os próximos cinco anos.
· Nos seis anos entre 2013 e 2018, a Saneago chegou a investir R$ 2,004 bilhões, em valores aproximados, na maior parte com recursos próprios. Para o período entre 2019 e 2023, o planejamento estratégico da empresa desenhou um plano de investimentos quase 84% maior do que o executado nos seis anos anteriores, algo na faixa de R$ 3,680 bilhões.
Deve-se considerar ainda que a modicidade tarifária no Estado tem sido assegurada por um equilíbrio pouco mencionado na relação entre os diversos municípios atendidos pela estatal, onde os centros de maior consumo dão sustentação ao sistema, compensando perdas em regiões do interior e de consumo mais baixo. Como preservar esse equilíbrio com a entrada de um grupo privado?