A história lembrará do 5 de março como uma data importante para democracia no mundo. Neste dia, em 2013, morreu o ditador venezuelano Hugo Chávez. Em 1963, falecia Josef Stalin, o mais duro de todos os chefes de estado que governaram a União Soviética.
Poucos anos depois do 50º aniversário de morte de Stalin, o historiador Simon Sebag Montefiore publicou a mais completa biografia do ditador russo já compilada. Nela, fica evidente o escárnio de “Sossô” com a democracia, a liberdade de expressão e, em última análise, com a vida humana.
Estima-se que Stalin tenha determinado o assassinato de mais de 43 milhões de pessoas. Qualquer pessoa que desconfiasse da pureza do comunismo ou dos propósitos do partido era morta. A traição, no regime stalinista, era um conceito subjetivo. Todos aqueles que se tornavam descartáveis pelo regime eram condenados à morte por traição, seja por uma conversa de boteco, por ações subversivas no trabalho ou diálogos travados dentro de casa com os filhos.
Sob pretexto forjado de traição, Stalin matou dezenas de companheiros de alto escalão que ameaçavam o seu poder absoluto, como Kirov. Outros sobreviveram sob o interminável signo do medo e da ameaça assombrosa do ditador, figura onipotente e onipresente.
A ditadura chavista não é lá tão parecida com a stalinista. Ao que consta, a política de terror que se instalou na Venezuela não resultou em genocídio ou assassinatos encomendados.
Por outro lado, Chavez, assim como Stalin, promoveu um duro golpe na liberdade de imprensa e de expressão. Desidratou integralmente a ala oposicionista. Em um país onde não há vozes discordantes, é muito fácil vencer no voto. E assim o ditador venezuelano se perpetuou no poder até a morte.
Em vez de derramamento de sangue, mordaça. A discordância foi silenciada e o contraditório deixou de existir. Nos próximos dias, o legado chavista será avaliado e reavaliado dezenas de vezes. Mas o fato é que a democracia respirou mais aliviada hoje.