quinta-feira , 26 dezembro 2024
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Em artigo no Diário da Manhã, jornalista denuncia farra das diárias no Conselho Federal de Medicina

Em artigo publicado no jornal Diário da Manhã, o jornalista Rosenwal Ferreira denunciou a farra das diárias no Conselho Federal de Medicina. O texto mostra que o presidente e o vice do CFM receberam mais de R$ 400 mil em diárias cada um.

Veja abaixo o artigo completo de Rosenwal:

As diárias exorbitantes do Conselho Federal de Medicina

Embora seja uma profissão com alta demanda social e uma das mais procuradas pelos que almejam uma carreira promissora, a vida dos médicos brasileiros está longe de ser cor-de-rosa. Com exceção de alguns especialistas, como acontece em todo segmento, que alcançaram status privilegiado pela genialidade e/ou esforço acima da média, a maioria se ajeita em plantões exaustivos, consultas que demandam horas de esforço extra, se enrosca em hospitais e postos de saúde com suporte precário e, no final do mês, mal quita as parcelas do apartamento e do automóvel adquiridos em suado empréstimo.

Dados disponíveis no portal de transparência do Conselho Federal de Medicina (CFM) estão causando perplexidade e revolta na sofrida classe médica, mostrando que os administradores perderam o senso de realidade que afeta os doutores do País. No período que abrange 22 meses, de 01/01/2015 até 31/10/2016, a diretoria da entidade pagou diárias inacreditáveis aos seus membros.

O presidente Dr. Carlos Vital Tavares Correa Lima, por exemplo, justificou o recebimento de R$ 751.187,67, quantia que significa, aproximadamente, 34 mil reais por mês. Isso não quer dizer que não houve mérito no ressarcimento. Foi para Europa representar o CFM? Teve que degustar faisão como vinho do porto junto a cientistas da área? Imagino que tudo esteja documentado e se justifique. Claro. Trata-se de homens sérios.

Mas não faz senso frente à realidade que se vivencia. O vice-presidente Dr. Mauro Luís Brito recebeu, no mesmo período, R$ 625.980,08; o segundo vice-presidente, Dr. Jecé Freitas Brandão, R$ 439.828,00; o terceiro vice (haja vices para sustentar), Dr. Emmanuel Fortes Cavalcanti, R$ 510.452,99; Dr. Henrique Batista (secretário Geral) R$ 572.232,53; Dr. Hermannn Alexandre (1º secretário) R$258.689,00; Dr. Sidnei Ferreira (2º secretário) R$ 428.205,31; Dr. José Hiran Gallo (tesoureiro) R$ 652.847,96 e o Dr. Dalvécio Madruga (2º tesoureiro) R$ 435.506,50.

Somando o valor desses dez abnegados dirigentes do CFM, surge uma cifra extraordinária: mais de quatro milhões e seiscentos e setenta mil reais. Se os médicos em questão fossem atender consultas, digamos a trezentos reais por enfermo, teriam que atender 1.556 pacientes.

Será que realizaram atividades que justificam, para a classe, um retorno extraordinário? Não cabe reavaliar e reduzir essas despesas? À boca miúda, porque ninguém é besta de enfrentar quizilas imprevisíveis, que ações justificam um tesoureiro, sobretudo em tempos de internet e comunicação virtual, receber algo em torno de 29 mil reais por mês? Teve que investigar contabilidade em Paris? Nos rincões de tribos perdidas na Amazônia? Pode ser.

Pelos números apresentados, não vale dizer que a vida dos médicos não está fácil. Para o CFM a chiadeira deve ser dos invejosos ou dos que não possuem cargos importantes. Pois é. Mas se cobramos sempre dos políticos, não será justo, em nome dos médicos indignados, demandar explicações de um órgão tão importante?

Vale destacar que o valor da anuidade para os médicos pesa no orçamento, sendo que o Conselho Regional de Medicina (CRM) é obrigado a repassar expressivo valor ao CFM. Além dos conselheiros receberem essas quantias exorbitantes, quando bem podia ser uma função de altruísmo não remunerado, os conselhos fazem um trabalho de cartório cobrando por qualquer documento ou certidão. Isso para não falar que se o Doutor mantiver uma pessoa jurídica, paga duas vezes.

No arremate, manter sedes nababescas e luxuosas, jetons afortunados, condiz com a atual penúria da classe médica? O que se pode fazer para acabar com os abusos no uso do dinheiro tirado dos médicos brasileiros. Nada? Engolir calado e pagar anuidades cada vez mais caras? Com a palavra os que trabalham duro.

Rosenwal Ferreira, jornalista, publicitário e terapeuta transpessoal

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