Orientação sexual de Matheus Ribeiro gerou manchetes e virou fato histórico nos 50 anos do JN
O Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de gays, lésbicas e transexuais. Uma morte é registrada a cada 16 horas. Essa violência baseada no preconceito não para de aumentar, escreveu Jeff Benício em seu blog no Porta Terra.
Por isso, anota Benício, a presença do jornalista Matheus Ribeiro, de 26 anos, na bancada do Jornal Nacional, no rodízio de âncoras das afiliadas nos estados, ganhou aura de conquista histórica.
Leia o texto de Jeff Benício:
“Matheus Ribeiro se assumiu gay após a pressão das redes sociais. As suposições a respeito de sua sexualidade o fizeram se declarar homossexual e confirmar o namoro com um policial.
Nas últimas semanas, a orientação sexual de Matheus – e seu discurso em prol do amor e da tolerância – repercutiram amplamente na imprensa e na web.
A intimidade de um âncora de telejornal não deveria gerar notícia. Mas em um País com o recrudescimento da discriminação, a homossexualidade de um jornalista com visibilidade na TV passa a ter caráter político.
Ainda que recuse ser visto como desbravador, o jovem apresentador goiano dá imensurável contribuição à luta contra a homofobia e passa um recado a milhões de LGBTs acuados pelo sectarismo da sociedade brasileira: sim, é possível chegar lá.
Nos Estados Unidos, há vários âncoras gays assumidos. Entre os mais famosos, Anderson Cooper e Don Lemon, da CNN, e Rachel Maddow, da MSNBC. A orientação sexual não interfere na atuação profissional nem na credibilidade deles junto ao público.
Por aqui, a maioria dos apresentadores sabidamente homossexuais – do jornalismo e da área de entretenimento – prefere fazer mistério a respeito da própria sexualidade. Alguns até fingem ser héteros. Entre os motivos, o medo do preconceito e o temor de prejuízo à carreira.
Na TV brasileira, jornalistas gays ainda têm um longo caminho a percorrer. Matheus Ribeiro deu um passo gigantesco. Tomara que outros LGBTs tenham a mesma coragem e aproveitem o caminho aberto para avançar.
Espera-se também que as emissoras se livrem do tabu de ter diante das câmeras âncoras e repórteres assumidamente gays. Um jornalismo que valoriza a diversidade estará mais conectado à realidade que busca retratar a seus telespectadores.”