O colunista do UOL, Leo Dias, teve acesso nesta sexta-feira (17) a uma ação indenizatória de mais de 50 páginas, envolvendo a dupla Jorge e Mateus, a empresa J&M Produções e seu antigo empresário, Marcos Araújo, o Marquimhos da AudioMix. A ação contém inúmeras acusações, entre elas um desvio de R$ 17 milhões de adiantamento contratual envolvendo a Som Livre. O valor total da causa na Justiça ainda é indefinido, já que Jorge e Mateuss pedem a quebra de sigilo bancário do ex-empresário e a apresentação de contratos e livros de contabilidade.
De acordo com a ação, em 2017, quando a dupla Jorge & Mateus assinou com a Som Livre, eles receberam em um contrato conduzido por Marcos Araújo um adiantamento de R$ 13 milhões. Ocorre que, sem dar conhecimento a dupla, o empresário realizou mais um outro contrato com a Som Livre no valor de R$ 17 milhões, onde neste contrato ele assinou sozinho como procurador da empresa J&M e não repassou o valor para os artistas e nem a empresa.
Marquinhos representava a dupla nas negociações. Os valores recebidos eram divididos da seguinte forma: 33% para Marcos Aráujo, 16% para Wendell (outro sócio), 25% para Jorge e 25% para Mateus. Porém, Wendell e a dupla descobriram que Marquinhos não tinha recebido um adiantamento apenas de R$13 milhões, mas sim de R$30 milhões, ficando R$ 17 milhões apenas para a AudioMix, ou seja, para Marquinhos.
A quebra de confiança entre as partes começou ali. E uma auditoria realizada após isso fez com todos buscassem os contratos firmados por Marcos Araújo em relação a Jorge e Mateus. De acordo com o processo, foi aí que descobriram que os prejuízos eram superiores aos já levantados com a Som Livre. Descobriram desvios de cachês de shows e contratos comerciais.
A ação diz que grande parte dos contratos intermediados por Marquinhos não eram arquivados por ele na sede da empresa. Teria sido solicitado que ele levasse esses contratos para uma auditoria, mas ele se recusou. Mas, com muita dificuldade, Jorge e Mateus conseguiram acessar alguns desses contratos. Entre eles, o processo destaca uma apresentação da dupla na cidade de Bebedouro, São Paulo. O contratante previa o valor de R$ 500 mil de cachê, mas o então empresário da dupla emitiu uma nota de R$200 mil, fingindo ser esse o valor final.
O processo traz ainda outros exemplos de desvios de verba, incluindo porcentagem em vendas de ingressos.
Por fim, a J&M Produções pede a quebra de sigilo bancário de Marcos Araújo e de todas as empresas em seu nome. Também pede no processo que o ex-empresário apresente livros de contabilidade e balancetes e intimação para que contratantes apresentem contratos atribuídos a AudioMix em relação a Jorge e Mateus.
O valor final do desvio e essa guerra na Justiça só será definida após uma auditoria detalhada.
A Coluna do Leo Dias procurou o departamento jurídico da Audiomix que informou não ter sido notificada de tal processo e por isso não tinha conhecimento do fato, mas que assim que tiver conhecimento irá se manifestar judicialmente.
Procuramos ainda Marquinhos, que se defendeu veementemente: “Não fui intimado dessa ação, mas posso adiantar que não há quaisquer desvios de valores e isso será demonstrado no processo. São acusações sem fundamentos normais de artistas que visam quebrar um contrato e não pagar a multa e os haveres da sociedade.”
A dupla Jorge & Mateus informa que em respeito a todos os envolvidos na condução das ações judiciais, não vão se manifestar acerca dos processos apresentados em desfavor do seu antigo empresário. “Todas as informações e provas já estão nos processos e, somente através dos mesmos é que eles irão falar. Agradecemos a compreensão e respeito de todos.”