No último final de semana, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi movimentou as redes sociais, mas por um motivo diferente dos tradicionais conteúdos sobre vida fitness. A influencer publicou uma série de stories no Instagram durante uma festa realizada na sua casa, com amigos próximos, bebida e muita animação. Tudo isso num momento de isolamento social decretado por conta da pandemia do novo coronavírus. A instagrammer, que acumulava quase 4,5 milhões de seguidores só no IG, chegou a debochar da doença, gerando ainda mais revolta.
O histórico polêmico da musa da malhação com a pandemia, no entanto, começou no mês passado. O casamento de sua irmã, Marcella, na Bahia, foi um dos primeiros focos de disseminação da Covid-19 no país. A própria Gabriela foi infectada, precisou ficar em isolamento e até aproveitou o momento para agradecer ao novo vírus em suas redes sociais, dizendo que a pandemia era uma oportunidade de união e igualdade social.
Contudo, o episódio da semana passada foi considerado altamente insensível e gerou revolta no mundo da internet, a ponto de personalidades igualmente famosas a repreenderem publicamente. Apagar a publicação foi apenas a primeira faísca do incêndio que viria a seguir. As consequências foram muito maiores e atingiram em cheio a reputação e o bolso. O comportamento de Gabriela, totalmente contrário às recomendações de distanciamento social da OMS, fez muita gente questionar não apenas a influencer, mas as marcas que a patrocinavam, obrigando-as a se posicionarem sobre o tema.
Essa cobrança da sociedade sobre as empresas fez com que a influencer perdesse quase uma dezena de contratos publicitários, de marcas como HOPE, Baw, LBA, Body For Sure, Desinchá, Evolution Coffee, Rappi, Mais Pura e Liv Up. Além disso, outras companhias que já tinham contratado Gabriela no passado, como Kopenhagen, Ambev e Fazenda Futuro, já se pronunciaram dizendo discordar de suas atitudes e não a enxergam mais como uma futura parceira de trabalhos.
O prejuízo financeiro foi grande. Especialistas da BRUNCH, agência full service que gerencia a carreira de influenciadores digitais como MariMoon, Nath Finanças, Blogueira de Baixa Renda e Dora Figueiredo, calcularam, a pedido de Forbes, que as perdas podem chegar a R$ 3 milhões com as quebras de contrato, que podem configurar, inclusive, pagamento de multas.
A metodologia de precificação usada pela agência leva em conta alguns aspectos para chegar ao valor médio de um post: custos de produção (quanto custou produzir o conteúdo), uso de imagem (quanto custa liberar o uso de imagem para a marca) e distribuição (quanto custa postar o conteúdo para a audiência da influenciadora). Por meio dessa fórmula, a agência concluiu que os posts da influencer no feed, com apenas uma foto, não saem por menos de R$ 17 mil. Já no stories, o valor seria de R$ 21 mil (uma entrega de, aproximadamente, três postagens, que virou praxe no mercado).
“Como Gabriela tirou o perfil do ar, não foi possível saber qual foi a entrega de cada trabalho. Por isso, a conta foi feita levando em consideração os contratos que normalmente as marcas grandes costumam fechar: um post no feed e uma sequência de três stories por mês em contratos trimestrais”, explica Ana Paula Passarelli, cofundadora da BRUNCH. A agência também considerou pesos diferentes para marcas “especiais” e “gerais”, que são classificadas de acordo com a área de atuação da influencer, e partiu do princípio de que as primeiras pagam adicionais em troca de exclusividade. Essa conta, segundo a especialista, já resultaria em prejuízos de cerca de R$ 1,6 milhão (sem contar margens de descontos e permutas).
Ana Paula considerou, ainda, as cláusulas por quebra de contrato, como ressarcimento do valor pago, multa de até 100% e cancelamento dos pagamentos em aberto. Tudo isso leva a conta aos R$ 3 milhões. Isso sem contar a perda de oportunidades futuras, impossível de dimensionar. (Forbes Brasil)