quarta-feira , 20 novembro 2024
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“Paulo Coelho ensina à oposição goiana: já que não fiscalizou, nada propôs nem lançou nomes, só resta sentar e chorar”

Veja editorial da rádio 730:

 

A dificuldade de chegar ao poder não justifica, mas explica por que quem está no cargo não quer largar a picanha nem a porrete. É difícil chegar lá, pois os ocupantes defendem as cadeiras com o vigor dos 300 de Esparta. Quatro exemplos recentes foram protagonizados pelo governador Marconi Perillo, do PSDB, e dois petistas, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, e a presidente Dilma Rousseff.

Paulo Garcia era desconhecido da maioria da cidade até assumir no lugar de Iris Rezende. As seguidas aparições nos bairros e um ritmo forte de obras, no melhor estilo Iris Rezende, propiciaram a Paulo a reeleição no primeiro turno.

Dilma também era praticamente anônima, mesmo ministra de uma pasta importante, a Casa Civil. Até que o então presidente Lula voou o país com ela a tiracolo e a colocou no mais alto posto da América Latina.

Duas lições foram dadas por Marconi Perillo, uma há onze anos e outra agora. Em 2002, apesar da bem-sucedida administração, Marconi era superado por Maguito Vilela em todas as pesquisas. Intensificou o contato com o povo, trabalhou e divulgou as realizações. O resultado é que nem a onda vermelha tentada por Lula em favor de Maguito provocou segundo turno. No atual mandato, Marconi cambaleou de tanto tabefe tomado incessantemente desde a Operação Monte Carlo. Mas reagiu. Lançou as obras viárias, recriou o Governo Itinerante, entregou mais Bolsas Universitárias. Veio a pesquisa Serpes. Esperava-se que perdesse para Iris em qualquer cenário e tivesse rejeição maior que a preferência. Nada disso ocorreu.

Nesses casos aflora um item, a máquina pública. O desesperador para os adversários é que, forçados pela Justiça e a legislação, os governantes aprenderam a usar a máquina sem esmagar princípios éticos nem pisotear as normas ou estourar o orçamento. Até porque os deslizes, ao menos os encontrados, são punidos severamente. Entra em cena a oposição, para fiscalizar, cobrar e apresentar alternativas de projetos e discursos. O problema é o alcance. Notícia publicada no jornal A Rede mostra que Marconi está protagonizando um fenômeno. Em municípios vizinhos a Brasília, Marconi já levou ao Governo Itinerante um número maior de pessoas que o de habitantes das superlotadas cidades. Presume-se que, com os de Luziânia nesta semana, já foram quase 500 mil pessoas apenas no Entorno. Como é possível competir com um sucesso desses?

Marconi vai bem, mas prevalecem questões sérias. Se a oposição não conseguir derrotá-lo depois de tantas encrencas, aí é encomendar a própria Missa de Sétimo Dia para 14 de outubro de 2014, o sábado seguinte à vitória de Marconi no primeiro turno. Marconi recebeu o Estado com servidor atrás de salário atrasado, a Celg em pandarecos, as rodovias parecendo superfície lunar. E seus inimigos numa boa, instalados nas maiores prefeituras e no governo federal, que nadava em dinheiro e surfava na popularidade. Era só sentar e rir do tombo de Marconi. Pois não é que a situação mudou?

Seria maravilhoso destronar Marconi, até porque nada justifica um quarto mandato. Dose é contar isso para os 500 mil atendidos no Entorno, os 2 milhões que andaram pela Rodovia dos Romeiros e os 150 mil da Bolsa Universitária. A oposição não teve competência para aproveitar as fragilidades de Marconi e forjar alguém com potencial e projetos consistentes. A única alternativa é Iris Rezende e, ainda assim, será complicado vencer: se está ruim agora, pior será no dia da votação, daqui a mais 14 meses de Governo Itinerante, pavimentação e outros milagres da máquina. Resta à oposição fazer igual ao escritor Paulo Coelho: ir à margem do rio, sentar e chorar.

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