O Conselho Temático de Comércio Exterior (CTComex) da Fieg promoveu quinta-feira (29/04) reunião com empresários e conselheiros do colegiado para discutir os principais pontos do acordo Mercosul e União Europeia, concluído ainda em 2019. O encontro, realizado em ambiente on-line e conduzido pelo vice-presidente do CTComex, William O’Dwyer, contou com apresentação do gerente de Negociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabrizio Panzini.
Com o acordo, os países do Mercosul e da União Europeia formam uma das maiores áreas de livre comércio do planeta. Juntos, os dois blocos representam cerca de 25% da economia mundial e um mercado superior a 700 milhões de pessoas. Pelos termos firmados, o documento eliminará gradualmente as tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos. Para os produtos que não terão as tarifas eliminadas, serão aplicadas cotas preferenciais de importação com tarifas reduzidas.
Para Fabrizio Panzini, em linhas gerais o acordo aumenta a competitividade de bens industriais, mas é preciso avançar com a ratificação do documento. O especialista explica que, apesar do acordo ter sido concluído em junho de 2019, ainda é necessário avançar com uma série de medidas para que, de fato, ocorra a implementação do tratado.
“No geral, acordos de livre comércio demoram cerca de dois anos para entrar em vigor. No caso do acordo Mercosul-União Europeia, já estamos às portas desse prazo e ainda faltam a revisão legal do documento, a tradução para os idiomas das nações que compõem a UE, além da aprovação do conselho europeu. Há ainda questões ambientais, envolvendo a preservação da Amazônia, que têm travado o processo”, afirmou.
O gerente da CNI pondera ainda sobre a importância da indústria brasileira se preparar para a abertura do mercado, inclusive pressionando por políticas que promovam maior competitividade do que é produzido no Brasil. De acordo com o estudo Competitividade Brasil 2019-2020, da CNI, o Brasil é o penúltimo em competitividade entre 18 países com economias parecidas, à frente somente da Argentina.
“A Europa é um mercado mais exigente, que tem padrões técnicos e sanitários elevados. As empresas brasileiras precisam ficar atentas, saber se os padrões de qualidade de seus produtos estão de acordo com o que é exigido pela União Europeia”, alertou Panzini.
A opinião é compartilhada pelo vice-presidente do CTComex, William O’Dwyer, que ressalta a necessidade, sobretudo dos pequenos negócios, se prepararem para esse novo cenário de livre comércio. “Mesmo microempresas europeias já nascem com certificações internacionais. No caso do Brasil, vamos precisar intensificar essa qualificação, sobretudo nos pequenos negócios para que possam capitalizar de fato com o acordo firmado e consigam exportar seus produtos para a União Europeia”, avaliou.
A reunião do CTComex contou ainda com apresentação do diretor de Operações do Porto Seco de Anápolis, Everaldo Fiatkoski, que apresentou detalhes sobre a operação que liberou carga de 3,3 toneladas de medicamentos para intubação em tempo recorde. A carga foi desembaraçada em uma hora e meia, tempo irrisório para uma importação e tempo recorde para as cargas recebidas no terminal que são destinadas ao combate à Covid-19.
Para a coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fieg, Johanna Guevara, o exemplo do desembaraço da carga é emblemático para mostrar a qualidade técnica dos profissionais de comércio exterior que atuam em Goiás. “A área internacional da Fieg tem incentivado justamente essa sintonia das indústrias goianas com os prestadores de serviços de comércio exterior que atuam no Estado. Temos profissionais altamente gabaritados em casa, não precisamos recorrer a Estados maiores para importação e exportação de produtos”, concluiu.