O pedido o agrément não significa, porém, que a África do Sul aceitará. Há casos de recusa de embaixadores. A história recente registra um caso em que Cuba simplesmente não respondeu o pedido, e o governo brasileiro foi obrigado a desistir da indicação. Se não obtiver uma resposta das autoridades sul-africanas, Crivella deve se candidatar a deputado federal como se nada tivesse acontecido. Da parte do governo, o presidente Jair Bolsonaro agora poderá dizer a Edir Macedo que fez tudo o que estava a seu alcance, mas não pode obrigar o governo sul-africano a aceitar um embaixador.
Edir Macedo e Bolsonaro passaram por um período de estremecimento no mês passado. Depois da crise da Universal com o governo de Angola, onde um grupo de pastores chegou a ser deportado de Pretória sob acusação de lavagem de dinheiro, Edir Macedo e a bancada evangélica procuraram o governo em busca de apoio. Há duas semanas, por exemplo, uma comissão da Frente Parlamentar Evangélica foi ao Itamaraty conversar com o chanceler Carlos França sobre a situação dos brasileiros ligados à Igreja Universal em Angola. O encontro foi agendado depois de duras críticas dos bispos da Universal ao governo brasileiro por causa da falta de atendimento da diplomacia brasileira aos pastores deportados, com direito a longas reportagens da TV Record com reclamações diretas da diplomacia brasileira e do governo. A Universal, que tem 230 templos em Angola, se sentiu abandonada pelo governo. O encontro do chanceler com a bancada no Itamaraty e o pedido para que Crivella seja embaixador servem para a volta da Universal à boa convivência com o Executivo. Bolsonaro não quer briga com os evangélicos, considerados um segmento importante do eleitorado para 2022
Crivella já morou na África do Sul, fala inglês, e até escreveu um livro Evangelizando a África, publicado no final da década de 90, que já causou muita polêmica, por causa das críticas a outras religiões, inclusive as africanas, ao que o ex-prefeito, ex-senador e bispo licenciado da Universal já pediu desculpas públicas. Crivella escapou de um processo de impeachment, e, em dezembro do ano passado, passou pelo constrangimento de um pedido de prisão nove dias antes de terminar o mandato de prefeito do Rio. Á época disse que se tratava de perseguição política. Na semana passada, o Ministério Público pediu o arquivamento desse processo por falta de provas. (Blog da Denise Rothenburg – Correio Brazilense)