Matéria do jornal A Redação:
Augusto Diniz
Goiânia – “Não queremos mais ser coadjuvantes. Entendemos que o momento é agora.” Para a pré-candidata a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO), a conselheira federal Valentina Jungmann, “nada mais justifica que mulheres não participem da presidência das seccionais em todo o país”.
Em entrevista ao jornal A Redação, Valentina destacou o aumento da participação feminina nas eleições da Ordem em todo o Brasil. “Logo após lançar minha pré-candidatura, nós ainda não tínhamos outra pré-candidata no país. Hoje nós já somos 19 pré-candidatas na OAB disputando a presidência nas seccionais no nosso país”, destaca.
Valentina afirma enxergar no momento vivido entre as advogadas como um exemplo que tem sido seguido. “E que vai fazer história. Não tenho dúvida.” O foco, caso seja eleita presidente da OAB, é tornar a Ordem mais democrática. “Que o advogado e a advogada tenham oportunidade, tenham vez e tenham voz. A OAB tem de ter mais representatividade, tem de ser mais plural”, apontou a pré-candidata.
De acordo com a conselheira federal da OAB, a força do projeto para dirigir a entidade em Goiás vem da aprovação do “Paridade Já”, que estabeleceu a obrigatoriedade de composição das chapas por 50% de gênero nas eleições da Ordem, e com trabalho em busca da equidade racial, que destina 30% nas chapas para a advocacia preta e parda. “Nós acreditamos em uma OAB mais inclusiva. E, por isso, mais ciente dos reais problemas, das dificuldades diárias, no exercício profissional.”
OAB mais democrática
Para conseguir tornar a OAB Goiás mais democrática, Valentina diz defender a participação direta dos advogados nas decisões da entidade e da escolha de seus dirigentes. “Acredito em uma OAB mais democrática, mais próxima da advocacia e também mais próxima da sociedade. Enfrentamos uma pandemia com número recorde de mortos. A OAB tem de assumir o papel de guardiã da sociedade. Temos o dever constitucional e defender a Constituição, o estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social”, observa.
Valentina diz que, sendo ela a eleita para presidir a OAB Goiás, a Ordem estará mais próxima do advogado e da advogada, “mas também mais próxima da sociedade civil brasileira”.
Currículo
Começou como estagiária no escritório de advocacia da família em 1982. 33 anos depois, Valentina assumiu o comando do mesmo escritório, no ano de 2015. Advogou na área trabalhista com o avô, Jorge Jungmann. Com atuação no Direito cível e empresarial. Em 1990, a conselheira federal da OAB Goiás foi aprovada no concurso de provas e títulos para o cargo efetivo de procuradora do Estado, função que ocupou até dezembro de 2019. Depois, voltou a atuar na advocacia privada.
Valentina é professora da Escola de Direito e Relações Institucionais da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) desde 1987 e da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 1996. É mestre e doutora em Direito pela PUC de São Paulo. Publicou a dissertação de mestrado sobre recurso de agravo pela Revista dos Tribunais.
Na OAB Goiás, Valentina foi eleita a conselheira seccional mais bem votada de Goiânia e a segunda do Estado para o biênio 1991-1992. No mesmo período, ocupou o cargo de diretora-geral da Escola Superior da Advocacia (ESA). Em 1990 e 2000, exerceu a função de vice-presidente da ordem e da Comissão de Prerrogativas. Retorna à OAB em 2016 como conselheira federal até 2019, quando também foi membro da ESA nacional.
“Paridade Já”
De 2019 a 2021, seguiu como conselheira federal. É presidente nacional da Comissão Permanente de Relações Institucionais do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). Foi quando apresentou o projeto “Paridade Já”, que prevê 50% de ocupação por gênero nos cargos titulares e de suplência, de diretoria do conselho federal, da seccional e das subseções, nas chapas que concorrem à eleição da OAB. A proposta foi aprovada em dezembro de 2020 e vale para o pleito deste ano na Ordem.
Confirmada a candidatura, Valentina será a primeira concorrente do sexo feminino ao cargo de presidente da Ordem em Goiás nos 80 anos de história da entidade. “Nós mulheres não ocupamos sequer 30% dos espaços de decisão no sistema OAB nacional”, pontua. De acordo com dados do CFOAB, 1.208.965 é o total de advogados inscritos no Brasil. As mulheres são 603.282 dos profissionais, o que representa 49% no país. Dos 44.018 advogados em Goiás, 22.422 são mulheres, com 50,93% dos profissionais do Estado.
Além de Valentina em Goiás, outras 18 candidatas disputam a presidência de conselhos seccionais da OAB em outros Estados.
