O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “bobão” e “negacionista” por mentir ao dizer que a CoronaVac não tem comprovação científica. A vacina é desenvolvida pelo Instituto Butantan, que fica em SP, em parceria com a fabricante chinesa Sinovac. A declaração de Doria foi dada durante entrevista ao UOL News.
“Desde março do ano passado, quando tivemos a constatação do primeiro caso (de covid-19), ele vem se comportando como um bobo, como um negacionista, como alguém sem compaixão com seu povo. O Brasil lamentavelmente é um péssimo exemplo para o mundo, 545 mil mortes, e um presidente que defende cloroquina ao invés de defender vacina”, disse o tucano, que foi diagnosticado com covid-19 pela segunda vez, em entrevista à apresentadora Fabíola Cidral e ao colunista do UOL Leonardo Sakamoto.
Na última terça-feira (20), Bolsonaro disse que há “muita reclamação sobre a CoronaVac” e citou Doria, que foi reinfectado. O mandatário fez uma relação distorcida sobre o fato, sugerindo que a reinfecção de Doria corrobora seu discurso contra o isolamento social, que na verdade vai na contramão do defendido por especialistas.
“A (vacina da) Pfizer vem chegando, já tem comprovação científica, juntamente com a AstraZeneca, diferentemente da CoronaVac, que as pessoas estão se infectando mesmo após tomar a segunda dose. Como o próprio governador de São Paulo foi reinfectado depois que tomou as duas doses de vacina. É sinal de que não seguiu os protocolos que tanto apregoa no seu estado”, disse o presidente.
Segundo o imunologista PhD pela USP (Universidade de São Paulo) e colunista do VivaBem, Gustavo Cabral “nenhuma vacina protege 100%” contra o vírus. “As imunizações contra a covid-19 não evitam que a pessoa contraia o coronavírus, mas, sim, reduzem o risco de ela desenvolver casos graves de covid, que exigem hospitalização e causam mortes”, disse. Durante a entrevista, Doria contou que, apesar de infectado, está “muito bem”, o que atribuiu ao fato de ter tomado as duas doses da CoronaVac.
As vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil foram autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em caráter definitivo —caso da Pfizer e da AstraZeneca — ou de forma emergencial —como a CoronaVac e a Janssen. Todas elas passaram por avaliações do órgão regulador que comprovaram a sua eficácia, qualidade e segurança, após testes clínicos com milhares de pessoas.