O ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto afirmou, em entrevista ao Poder 360, que a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria melhor para o mercado financeiro do que a reeleição de Jair Bolsonaro no pleito presidencial do próximo ano. “Bolsonaro seria a continuação do mesmo, até piorado. Ele vai se cansar do Guedes. De forma que, seguramente, o encaminhamento do Lula seria melhor [para o mercado financeiro]”, disse. “O mercado nunca progrediu e lucrou tanto como na época do Lula. E o Brasil cresceu no curto prazo. O Lula é um diamante bruto que se cultivou. E mostrou isso no governo”, completou.
Segundo ele, em 2022 “tudo se encaminha para uma disputa entre Bolsonaro e Lula. Tenho um grande respeito pelo Lula. A administração dele foi muito boa. Não podemos confundi-la com a da Dilma. A Dilma era voluntariosa, tinha ímpetos complicados. Basta ver a tragédia que ela fez no setor elétrico. O governo Lula não fez nada disso. Ele encontrou uma situação bastante favorável. E soube aproveitá-la. O Brasil recuperou o crescimento”.
Delfim também ressaltou que o governo não sabe como agir diante das dificuldades e que, no momento, enfrenta a “tempestade perfeita”. “Na minha opinião, a combinação do atual governo com a pandemia e o aquecimento global é a tempestade perfeita”, afirmou. “As dificuldades são políticas. Estamos com um sistema disfuncional. As pessoas disputam fortemente separadas em grupos antagônicos. Não há diálogo, não há compreensão”, avaliou.
Ainda de acordo com o ex-ministro, o governo Bolsonaro é mais militarizado que no período da ditadura. “Seguramente o governo Bolsonaro é mais militarizado. Nos governos militares, a administração era civil. Você tinha militares no governo, mas competentes. Vamos comparar o [ex-ministro Mario] Andreazza com o [ex-ministro da Saúde, Eduardo] Pazuello. É muito diferente”, disse.
“Essa administração trouxe de volta o tenentismo, que desgraçou o Brasil durante muito tempo”, lamentou. “As 3 Forças não pertencem ao governo. São do Estado. O papel delas é a defesa da pátria. Não intervir na política”, destacou. Delfim, porém, descartou a possibilidade de um golpe com o apoio das Forças Armadas. “De jeito nenhum. As Forças Armadas profissionais são fiéis à Constituição. A formação hoje é muito diferente do passado”, afirmou.