Suplente na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) diz acreditar que já existem fatos que podem configurar crime por parte direta do presidente Jair Bolsonaro na condução do combate à pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao Congresso em Foco, o parlamentar, porém, diz não acreditar que o relatório da CPI resultará no impeachment do presidente e afirma que Bolsonaro pode vir a tentar um golpe. Se isso ocorrer, ressalta o senador, o destino do presidente deverá ser a cadeia.
“Ele acredita que o caminho autoritário é melhor. Bolsonaro realmente mostra um absoluto desapreço pela democracia, pelas instituições e não quer fazer um esforço pela democracia de negociar, dialogar, ouvir a sociedade. Isso aponta para uma postura golpista, então eu acredito que Jair Bolsonaro possivelmente tentaria um golpe”, declara o senador. “A postura dele é muito baseada no seu desejo de permanecer no poder, seja através de uma reeleição ou seja através do golpe. Então tudo que ele faz é focado nisso, não tem uma base mobilizada.”
O senador, entretanto, diz ter certeza que Bolsonaro não teria condições de concluir um golpe de Estado no Brasil. “Tentar é possível sim e acredito que vai gerar um trauma nacional muito grande. Acredito que nossas instituições são robustas o suficiente para suportar esse desafio”, explica o parlamentar. “São poucos crimes que são mais graves que uma tentativa de golpe. A consequência é a cadeia.”
Para Alessandro Vieira, a CPI traz à luz a inércia do governo federal ao não comprar vacinas quando poderia, apostando em teorias conspiratórios e tratamentos sem comprovação científica, além de não ter feito, em nenhum momento, uma grande campanha de esclarecimento da população, o que resultou nos mais de 570 mil mortos pela covid-19 desde o início da pandemia.
“Ao tomar a decisão política, pessoal de não fazer isso – e isso está demonstrado por vídeos, com postagens, por atos formais do presidente da República e do governo -, Bolsonaro retardou o combate e consequentemente aumentou o número de contaminados e o número de mortos”, diz o senador que afirma ter clareza que o presidente participou do mercado das vacinas e adotou um comportamento criminoso. “Você tem um crime de responsabilidade que parece muito evidente, quando se nega ao cidadão brasileiro o direito essencial à saúde pública.”
(matéria do Congresso em Foco)