Agir hoje para construir soluções para o futuro. A máxima já é muito difundida, mas como aplicá-la às discussões de Cidades Inteligentes, Transformação Digital e Implantação do 5G, temas tão explorados pelo poder público, setor produtivo e pela sociedade nos dias de hoje? Na esteira dessas oportunidades, o Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico de Inovação (CDTI) da Fieg promoveu, nesta quarta-feira (25/08), o 2º Encontro do Ecossistema Goiano de Inovação.
O evento contou com participação de empresários e representantes do movimento Aliança pela Inovação, do poder público e de universidades, com palestras do diretor do Media Lab, da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cleomar Rocha; do superintendente do Sebrae/Pernambuco, Francisco Saboya; e do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Euler de Morais.
Presente na abertura do encontro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, destacou o esforço do Sistema Indústria em preparar os jovens de hoje para os desafios da indústria e da sociedade do futuro. Para tanto, estão previstos R$ 200 milhões em investimentos nos próximos três anos nas escolas Sesi e Senai em Goiás e a formação de 100 mil pessoas em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para viabilizar a implantação do 5G e outros avanços da Indústria 4.0.
“A velocidade com que a transformação digital vem mudando relações de consumo, de trabalho, relacionamentos pessoais, e educação exige de nós uma atualização constante. É um processo contínuo de aprendizagem e compartilhamento de informações, de atualização de tecnologias e análise de tendências”, afirmou Sandro Mabel.
Nesse contexto, o superintendente do Sebrae/Pernambuco, Francisco Saboya, foi taxativo. “O presente é um consumidor de futuros!”, declarou, ao explicar sobre a necessidade de processar o futuro sob forma de novas práticas no presente. “Precisamos injetar doses generosas de futuro em nossas estratégias presentes. Precisamos ser protagonistas da mudança.”
Saboya abordou o tema Liderança para Transformação Digital e listou as competências que os atuais líderes precisam desenvolver para garantir a sobrevivência dos negócios diante do processo disruptivo que consumidor vem experimentando nos últimos anos. “Todo processo de mudança necessita de liderança, não ocorre espontaneamente. Isso é fundamental à sobrevivência dos negócios. Precisamos de lideranças transformadoras, isso é o que o mundo espera”, afirmou ao explicar que é papel do líder empoderar novas lideranças, animar mudanças e entender o futuro.
“A transformação digital não se compra e é um processo inadiável e urgente que precisa ser construído de maneira muito diligente. A velocidade de crescimento do comércio eletrônico prova isso. Somente na plataforma Amazon foram mais de 5 bilhões de visitas no último ano. Alguém conhece uma loja física que tenha, de longe, essa quantidade?”, indagou Saboya.
No âmbito da temática Cidades Inteligentes, o diretor do Media Lab, da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cleomar Rocha, destacou a necessidade de as cidades estarem preparadas para crescer e responder às demandas de convivência que o futuro exige.
“Saúde, segurança, meio ambiente, educação. Todos esses itens específicos que caracterizam uma sociedade são problemas sociais, e não de governantes. É preciso que a sociedade esteja convidada e preparada de forma mais inteligente para propor soluções para os problemas apontados”, afirmou o professor, ao observar que, apesar do protagonismo da sociedade, não se exclui o papel do poder público, da universidade e do setor produtivo desse processo.
O especialista destacou a importância de construção da Cidade para a Cidadania, ao otimizar processos e destravar gatilhos para motivar inovação e ecossistemas inovativos. “É preciso fazer o cidadão ser parte do processo, fomentando essa cultura comportamental voltada para a cidadania, com criação de valores para esse sentimento de pertencimento”, avaliou.
Segundo Rocha, é preciso abandonar o conceito de tecnologia atrelado a aparelhos e entender tecnologia como conhecimento. “A tecnologia é humana! É o conhecimento humano colocado em prática para melhoramento da sociedade. É nesse sentido que as cidades inteligentes trabalham: na perspectiva da tecnologia voltada à melhoria da qualidade de vida”, argumentou.
O deputado estadual Virmondes Cruvinel, que participou como convidado do painel, ressaltou que a pandemia escancarou essa necessidade e promoveu avanços significativos na proposição de soluções para a área de saúde, por exemplo.
“Há um ano atrás não tínhamos a possibilidade de fazer agendamentos de vacina, mesmo sendo uma realidade de muitos anos na sociedade. Hoje isso é permitido. Com essa conexão de informação e dados, já temos mapeadas as pessoas que já são grupos de riscos, idosas e que essa vacinação amanhã já possa ser feita na casa das pessoas. Isso é usar a tecnologia para melhorar a vida das pessoas, no conceito de cidades inteligentes, que aproxima o poder público da resposta rápida que a sociedade espera”, analisou o parlamentar.
Fechando o ciclo de debates, o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, abordou o impacto do 5G na vida das pessoas e nos negócios. Nesse sentido, ele avaliou como a maturação do ecossistema 5G “implicará em uma multitude de possibilidades”. Segundo Morais, a tecnologia tem capacidade de promover uma transformação de dados em soluções para o setor produtivo e toda sociedade, com aplicabilidade em todos os setores sociais.
“Na indústria, teremos aplicações em realidade aumentada, que vai proporcionar, por exemplo, a manutenção assistida. Na educação, vamos poder reduzir o ‘gap’ que temos hoje, permitindo que alunos tenham instrumentos para facilitar a internalização do conhecimento”, afirmou, listando em seguida desafios da Segurança Pública e Saúde que podem ser solucionados com a aplicabilidade do 5G.
Dados apresentados pela Anatel estimam o impacto econômico que o 5G vai promover em todo o mundo. É esperado aumento de até US$ 2 trilhões ao PIB Global por catalisar o processo de conectar mais pessoas aos fluxos globais de informação, comunicação e serviços. Além disso, a tecnologia deve gerar US$ 12,3 trilhões de produção econômica até 2035, por suportar outras atividades econômicas, sendo US$ 5 trilhões somente nos setores de manufatura, transporte, construção, serviços públicos e mineração. No Brasil, o 5G deve incrementar cerca de 1% ao PIB em média por ano, entre 2021 e 2035, somando R$ 5,5 trilhões nos próximos 15 anos.
Na avaliação do presidente do CDTI/Fieg, Heribaldo Egídio, o debate promovido cumpriu o objetivo de trazer informações atualizadas sobre inovação e tendências mundiais de mercado em temas tão relevantes para a sociedade. “Acreditamos que nosso papel é disseminar informações seguras e de qualidade para preparação do nosso ecossistema. Para isso, nos mobilizamos e atuamos para aproximar setor produtivo, poder público, universidades e sociedade para construção de soluções aos desafios contemporâneos”, afirmou.
O 2º Encontro do Ecossistema Goiano de Inovação foi acompanhado pelo diretor de Atendimento e Relacionamento do Sebrae Goiás, Marcelo Lessa Medeiros; pelo vice-presidente do CDTI/Fieg, Marcos Bernardes; pelo vice-presidente da Fecomércio, Marco Chaul; pelo vice-reitor da UFG, Jesiel Freitas; pelo superintendente do IEL Goiás, Humberto Oliveira; e pelo diretor de Educação e Tecnologia do Sesi e Senai, Claudemir Bonatto. O evento, realizado em parceria com as instituições que compõem o movimento Aliança pela Inovação em Goiás, contou com o apoio do Sebrae, da UFG e Anatel.
Assista íntegra da transmissão no link: https://youtu.be/OtGdHIaV5IE.