Anápolis é destaque nacional em pesquisa e tecnologia voltadas para o melhoramento genético do pequi e a iniciativa marca as contribuições do município para o avanço dos estudos na área de espécies nativas do Cerrado. Das 649 plantas distribuídas em uma área de sete hectares, em dezembro de 2016, na unidade da Estação Experimental da Emater, 55 são clones. A expectativa é que em novembro deste ano sejam colhidos cerca de 15 mil pequis.
Hoje o município conta ainda com 178 pés-francos, que são árvores provenientes de mudas obtidas a partir do enraizamento direto da estaca produtora, funcionando como um laboratório inédito de validação de cultivares de pequi. Plantio semelhante ao que é realizado em solo anapolino, inclusive de pequis sem espinho, é desenvolvido no Estado apenas na Estação Experimental Nativas do Cerrado, em Goiânia, onde fica o maior banco de germoplasma de pequi do mundo.
Ao ver a floração e os primeiros frutos, o agrônomo responsável pela pesquisa, Sidney Cunha Andere, ressalta: “Isso aqui é uma riqueza para Anápolis, é fenomenal, uma inovação.” Cada uma das plantas são catalogadas para identificar: o Terraço em que está plantado o pequizeiro; o Clone a que ela se refere; e o número da planta – o que confere controle e precisão aos pesquisadores.
Sobre os resultados da pesquisa, ele explica que as primeiras colheitas já mostraram o melhoramento do fruto, a diminuição do epicarpo, ou seja, da casca; o aumento do volume da parte carnosa; e a diminuição da semente. “A gente fala com vibração porque é um material sensacional, espetacular. Olha uma cultura dessa aqui, olha as folhas verdinhas, neste período de seca. Ela emite a florada, depois vem a frutificação, os frutos caem e entra a gente para colher”, detalha.
A área onde estão plantados os pequizeiros era uma pastagem, que há algum tempo estava inativa. Por meio de um custo reduzido, as primeiras mudas foram plantadas e a pesquisa foi iniciada. As próximas etapas, anuncia Sidney Andere, se referem à adubação das plantas, para comparar os frutos, e a perspectiva é de que os produtores rurais que pretendam investir na produção de pequi poderão, por meio da pesquisa desenvolvida pela Emater, conseguir mudas para o plantio em diversas áreas de clima ameno.
Goiás hoje encontra-se na terceira colocação entre os Estados com maior volume de produção de pequi do país. A Radiografia do Agro, publicação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), aponta que a safra de 2019 foi de mais de duas mil toneladas, com valor da produção na extração vegetal estimada em R$ 3 milhões. O Estado conta com 433 estabelecimentos agropecuários produtores espalhados em 56 municípios e um mercado consumidor que adquiriu mais de seis mil toneladas de pequi naquele período.