domingo , 24 novembro 2024
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Programa ‘A Indústria tá on’ debate crise hídrica e alerta para consumo consciente da água

Poupar para não faltar. Apesar de antigo, o bordão nunca foi tão atual. Diante da pior seca em quase um século, o Brasil beira o colapso energético e hídrico e não é diferente em Goiás, onde ao menos cinco cidades – São Luiz do Norte, Goianésia, São Luís de Montes Belos, Crixás e Caldas Novas – já fazem rodízio de água e outras sofrem com torneiras secas, conforme mostrou quarta-feira reportagem do O POPULAR.

Para debater o problema, o programa de TV A Indústria Tá On, veiculado ao vivo segunda-feira (13) no canal You Tube do Sistema Fieg, conversou com o presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMAS) da Fieg, Flávio Rassi; o superintendente de Recursos Hídricos e Saneamento da Semad, Marco José Melo Neves; e o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Meia Ponte, Fábio Camargo Ferreira.

Unânimes, os especialistas alertaram para a necessidade de incentivar o consumo consciente de água de forma permanente e foram categóricos quanto à importância do insumo não só para o consumo humano, mas também para a economia. “Água, alimento e energia. Tudo está conectado! E o insumo principal é a água”, destacou Marco Neves, ao explicar sobre o desafio de equalizar o crescente aumento do consumo de água com a produção hídrica.

Neves ressaltou ainda a relevância do debate no âmbito da economia e o impacto da crise hídrica no setor produtivo. De acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), cada metro cúbico de água usado pela indústria se transforma em R$ 250,00 em produção. A mesma relação nos setores de saneamento e rural gera R$ 15,00 em valor agregado. “Quando falta água, a economia também sofre”, arrematou o superintendente.

Atualmente, a bacia do Rio Meia Ponte está classificada como nível crítico 3, com vazão igual ou menor que 3 mil litros por segundo, o que pode comprometer o abastecimento de água em Goiânia e na Região Metropolitana. “Apesar de estarmos muito mais preparados que há cinco anos, ainda estamos muito atrasados”, argumentou Fábio Camargo, presidente do CBH Meia Ponte.

Segundo o ambientalista, o racionamento já começou para o setor produtivo, que teve cortado em 50% o consumo de água na bacia do Meia Ponte, e deve ser ampliado para a população, caso a situação de escassez hídrica se agrave. “Precisamos discutir o problema o ano inteiro, e não só no período da seca. A discussão é o que faz todo mundo trabalhar”, frisou Camargo, ao ressaltar a importância de mudança na cultura do uso da água pela população, adotando ações permanentes para economia do recurso hídrico.

Nesse sentido, o presidente do CMAS da Fieg, Flávio Rassi, citou a exitosa experiência do Sistema Indústria com a campanha Água na Medida Certa. A iniciativa mobiliza estudantes do Sesi e Senai Goiás e a comunidade na adoção de boas práticas, com premiação às famílias que registram maior redução no consumo de água. “Tivemos casos de alunos que conseguiram reduzir em 76% o consumo de água dentro de suas casas com medidas simples. O consumo de água demanda conscientização”, avaliou o dirigente.

Para Rassi, é fundamental o planejamento de ações governamentais e da sociedade civil organizada para envolver a população no debate do tema ao longo do ano, evitando curva no abastecimento. “Precisamos sim de soluções criativas, mas também de adotar as óbvias. É muito fácil fazer uso racional dos recursos hídricos, sem comprometer a qualidade de vida. Se cada um fizer sua parte, o impacto é enorme no sistema de abastecimento”, concluiu.