A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) e o IEL Goiás, em parceria com o Sebrae Goiás, promoveram, na tarde desta quarta-feira (22/9), o 1º Fórum Goiano da Indústria do Futuro. Em quatro horas de painéis e mesas-redondas, foi discutido o presente e os caminhos para o futuro da indústria em Goiás e no mundo, além da necessidade de o Brasil investir em pesquisa, em educação e na indústria, que é o propulsor da economia do País. Parte do cronograma de comemorações dos 70 anos da FIEG e dos 50 anos do IEL Goiás, o evento foi transmitido do Observatório FIEG Iris Rezende, na sede do Instituto, por meio da plataforma Virtualli.
“A indústria é o setor mais dinâmico da economia nacional, que cria mais empregos, paga melhores salários do que os demais, tem forte poder de gerar crescimento e promove mais desenvolvimento tecnológico. Só temos um caminho: o do crescimento!”, declarou o presidente da FIEG, Sandro Mabel.
Entretanto, o dirigente alertou para o processo de desindustrialização pelo qual o Brasil vem passando. “Estamos diante de um prognóstico assustador, diante da ausência de uma política industrial de longo prazo, que tem levado o Brasil a um agressivo processo de desindustrialização, por falta de se pensar a indústria, por falta de investimentos em pesquisas e inovação”, salientou Sandro, citando o Índice Global de Inovação (IGI), divulgado na segunda-feira, no qual o Brasil ocupa a 57ª posição, num ranking de 132 países, dez posições abaixo da posição que o País ocupava em 2011. “Basta! é chegada a hora de reagir, de buscar novos caminhos, alternativas para fazer valer a nossa força”, decretou.
Participaram do fórum empresários de micro, pequenas, médias e grandes empresas dos segmentos da indústria, bem como profissionais que atuam nas indústrias. “Precisamos falar daquilo que nos move, que movimenta nosso Estado e nosso País economicamente. Precisamos falar da nossa indústria e da forma que estamos nos preparando para receber esse futuro. A cada dia, precisamos falar mais e mais sobre Indústria 4.0, Transformação Digital, Inovação e Inteligência Artificial. É este o caminho que o mundo está seguindo e, inevitavelmente, chegaremos lá”, disse o superintendente do IEL Goiás, Humberto Oliveira (à direita na foto ao lado do vice-presidente da FIEG, André Rocha).
“Temos que discutir nossa realidade, nossas condições, nossas potencialidades, nossa forma de agir e reagir para pavimentar a estrada que nos leva a esse futuro, que é logo ali. Precisamos chegar com segurança, com pujança e autoconhecimento”, completou Humberto.
O evento contou com quatro painéis temáticos, ministrados por especialistas renomados no Brasil, que falaram sobre temas atuais que impactam no futuro da indústria e seus caminhos. Os painéis foram sucedidos de mesas-redondas com convidados especiais para discutirem os temas.
Após a última mesa redonda, o evento foi fechado com o sorteio de uma bolsa integral Pós-graduação Flex IEL Goiás. O ganhador foi Cleiton César de Oliveira, que será contatado pela equipe do IEL.
PAINÉIS
O evento começou com o painel cujo tema foi Indústria 4.0, ministrado por Jefferson Gomes, superintendente nacional de tecnologia e inovação do SENAI nacional. A mesa redonda contou com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscom), César Mortari, e do gerente de inovação, gestão de pessoas e tecnologia da inovação da Halex Istar Indústria Farmacêutica, Emílio Borges.
Jefferson Gomes (foto) falou sobre Indústria 4.0, que engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo. O dirigente do SENAI nacional, entre outras colocações, fez questão de ressaltar que inovar não se trata apenas de investimentos em tecnologia, mas da mudança de conceitos e cultura dentro da empresa, sempre valorizando o fator humano.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
O segundo painel teve como tema: Transformação Digital e Digitalização para Micro e Pequenas Empresas. O palestrante foi Francisco Saboya, superintendente do Sebrae (PE), economista e mestre em Engenharia de Produção UFPE. Atualmente, Saboya é vice-presidente da Associação Nacional de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), e também coordenador da Câmara Nacional de Tecnologia da Informação da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Para Saboya, a Transformação Digital é inadiável. Não é uma escolha, mas questão de sobrevivência das empresas. “Aqueles que não fizerem sua transformação digital vão desaparecer em um futuro próximo”, alertou. “Não se compra mais um cliente com propaganda. O cliente tem que ser conquistado todos os dias com o aprimoramento da sua proposta de valor. Isso só se dá com uma estratégia digital, que só pode acontecer se a empresa tiver feito uma transformação digital”, completou Saboya.
A mesa redonda teve Henrique Jayme e Maria de Fátima, sócios da indústria goiana Mellilótus, além de Igor Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Na oportunidade, Calvet apresentou o resultado de uma pesquisa da ABDI sobre maturidade digital das MPES brasileiras.
Segundo ele, em quatro níveis pré-definidos na pesquisa com 2.527 MPEs, 66% ficaram entre os níveis 1 e 2 em maturidade digital, o que mostra a urgência da Transformação Digital nas micro e pequenas empresas brasileiras – os níveis foram divididos em 1 (analógico), 2 (emergente), 3 (intermediário), 4 (líder digital).
“A pandemia desnudou o processo de Transformação Digital e digitalização. É algo é complexo e inadiável. O impacto da crise sanitária nas MPEs foi muito grande e tornou inadiável acelerar esse processo para as empresas crescerem mais e empregos serem gerados, com mais negócios e mais oportunidades, tanto para clientes, quanto para as empresas”, avaliou Calvet.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O terceiro painel teve como tema Inteligência Artificial na Indústria e foi ministrado por Glauco Arbix, diretor da área de Ciências Humanas do Centro de Inteligência Artificial da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador-geral do Observatório de Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP.
De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a Inteligência Artificial são sistemas baseados em máquinas capazes de fazer previsões, recomendações ou tomar decisões que influenciam ambientes reais ou virtuais, para alcançar objetivos definidos por seres humanos.
Segundo Arbix, o digital é o motor das mudanças que o mundo vive e é alavancado pela IA, que é uma tecnologia de propósito geral, pois está presente em todos os setores. Para ele, o Brasil está cada vez mais dependente do agronegócio e do extrativismo mineral e alerta para a necessidade de tornar a indústria mais digital e competitiva.
“Além da desindustrialização prematura, o Brasil corre o risco de voltar a ser uma economia muito baseada em produtos primários, o que também não é bom. Cai a renda e a produtividade das empresas. Somos muito dependentes do mercado internacional. Podemos elevar o patamar da indústria por meio da IA, que impacta nos processos, manufatura, fabricação, gestão, segurança, design, cadeia de fornecimento e qualificação”, salientou. “Para avançar, as empresas não precisam só de tecnologia, mas muito de profissionais qualificados, visão e liderança”, diagnosticou.
A mesa redonda contou com os convidados Anderson Soares, coordenador do Bacharelado em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Celso Camilo, professor do Instituto de Informática UFG.
PANORAMA DA INOVAÇÃO
Fechando a tarde de painéis, Cândida Oliveira falou sobre o Panorama da Inovação para a Indústria. A palestrante é gerente executiva de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ela gerencia os projetos da Mobilização Empresarial pela Inovação, estruturados em torno de eixos como: marco legal para inovação; financiamento, recursos humanos; inserção global; promoção de startups e política de ciência e tecnologia.
Entre inúmeros dados e informações tratadas pela painelista, ela destacou o resultado do ranking 2021 do Índice Global de Inovação (IGI), divulgado na última segunda-feira (20). “O Brasil ganhou cinco posições em comparação com o ranking de 2020 e agora está no 57º lugar entre 132 países. Porém, esse desempenho é muito baixo e incompatível com nossa economia, sobretudo levando-se em consideração que em 2011, o País estava em 47º lugar”, avaliou Cândida, que expôs os esforços da CNI em incentivar a inovação e o crescimento das empresas brasileiras no sentido de também buscar, junto ao Estado, políticas públicas que possam também promover pesquisa, educação e investimento nessa área.
A mesa redonda teve Jefferson Sena, diretor técnico da Ninho Desenvolvimento Empresarial, e Robson Vieira, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG).
Além dos painelistas e debatedores das mesas-redondas, participaram do evento por meio virtual: Sandro Mabel, presidente da FIEG, e Antônio Carlos de Souza, diretor superintendente do Sebrae Goiás. Estavam presentes no Observatório FIEG Iris Rezende: André Rocha, vice-presidente da FIEG; Humberto Oliveira, superintendente do IEL Goiás; Jefferson Gomes, superintendente de inovação e tecnologia do SENAI Nacional; Cezar Mortari, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Goiás (Sinduscon); e Robson Vieira, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg)