sábado , 23 novembro 2024
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“Dono da verdade não vai mais ganhar eleição”, diz Caiado em seminário

“Dono da verdade não vai mais dar conta de ganhar a eleição”, afirmou o governador Ronaldo Caiado, ao avaliar o futuro pleito presidencial, durante o 14º Encontro de Líderes da Comunitas, entidade que faz a ponte entre setores público e privado, realizado em São Paulo, na noite desta quinta-feira (07/10). No painel com o tema “Governabilidade no País e prioridades para a próxima década”, o debate girou sobre a construção de uma via ao centro para o próximo embate eleitoral enquanto alternativa à polarização entre extremas direita e esquerda.

Os presentes saudaram a criação do União Brasil, legenda que nasce da fusão do Democratas (DEM) e do Partido Social Liberal (PSL) como um marco nesse processo. Os presentes defenderam que o próximo estágio do Brasil deve ser marcado pelo equilíbrio e pelo diálogo. Na primeira parte das discussões, Caiado abordou avanços nos programas de meio ambiente no Estado.

Participaram do painel a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, os pré-candidatos à Presidência da República, governadores de São Paulo, João Doria, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, além do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. O evento foi mediado pelo jornalista Fábio Zambeli. Durante o evento foi citado o mês de abril como prazo para a escolha de um nome para representar a terceira via no pleito do próximo ano.

Caiado citou a experiência em Goiás, onde estabeleceu diálogo com todos os poderes e a sociedade civil organizada, enquanto mecanismo para alcançar conquistas. “Hoje, você precisa ter espírito público e coragem de enfrentar e combater as desigualdades regionais, o que não é fácil”, disse.

O governador falou ainda sobre a estrutura partidária brasileira. “A sociedade não aguenta a pulverização. Nós demos um passo importante”, destacou ao mencionar o lançamento, no dia anterior, da nova legenda política, o União Brasil, fusão entre o DEM, sigla de Caiado e Mandetta, e o PSL. A estrutura já nasce com a maior bancada na Câmara Federal, com 82 deputados, além de quatro governadores, oito senadores e mais de 500 prefeitos.

Caiado ressaltou a necessidade de foco em estratégias que garantam o avanço social e econômico e disse que cresce o anseio da população pelo atendimento de prioridades que conduzam o Brasil para um futuro promissor. “O eleitor percebe que o candidato fala mais com olhos do que com a boca”, afirmou.

Ele avaliou ainda a importância de debates, bem como da soma de esforços para a realização dos trabalhos em prol da sociedade e da economia. “A esquerda só vai poder voltar se formos totalmente incompetentes e tomados de uma vaidade ímpar”, sinalizou.

Ainda em sua participação, destacou os avanços para conciliar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. “Nós somos o ‘player’ maior no mundo hoje. A agricultura e a pecuária cresceram em tecnologia”. E reiterou o compromisso com normativas, como o Código Florestal. “Temos cumprido nossa tarefa, tanto é que Goiás é referência”, defendeu.

Também participante do painel, a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, foi instigada a falar sobre a interface da Corte com o tema governabilidade. “Não seria razoável cogitar-se que o Poder Judiciário faça o oposto do que é a finalidade para a qual ele se dá”, declarou ao mencionar o objetivo de guardar a Constituição Federal na sua integridade e manter a harmonia entre os Poderes. “Não há a menor dúvida da capacidade brasileira”, apontou ao mencionar a segurança e a transparência do processo eleitoral brasileiro.

Integrante do União Brasil, que ainda precisará de formalização junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para seu estabelecimento, Luiz Henrique Mandetta analisou o momento atual nacional. “O maior fator político deste ano aconteceu ontem. A maior ferramenta política foi a fusão DEM-PSL”, frisou. “Quantos partidos políticos cabem nos campos ideológicos? Nós não chegamos a dois dígitos. O resto é invenção”, avaliou ao falar sobre a fragmentação partidária no Brasil. “Nós vamos atravessar essa década depurando e colocando as coisas no seu devido lugar”, projetou.

Gestor da área da saúde no início da pandemia de Covid-19, que já deixou cerca de 600 mil mortos pelo País, Mandetta falou que a saúde representa o pacto federativo mais “forte e exemplar” que há no País. “A saúde consegue uma governança e governabilidade suprapartidária pelo o que impõe: estamos discutindo a vida. Vida acompanhada de desafio ético”, ponderou.

O governador do estado anfitrião da roda de conversa, João Doria corrobora com a ideia de Caiado de convergência e diálogo. “O Brasil está acima dos nossos nomes, está acima mesmo dos nossos partidos. Capacidade de integrar, de dialogar, ter humildade, discernimento, olhar pelo Brasil, antes de olhar a si próprio e antes de olhar ao seu próprio partido”, defendeu ao mencionar a disputa eleitoral.

Outro gestor do Executivo, o gaúcho Eduardo Leite também sustentou um discurso contrário à personalização para construção de uma via política. “No tempo certo, as pessoas vão conhecer as candidaturas e os projetos, estes que são verdadeiramente importantes. Não pode haver convergência sobre nomes e sim sobre agendas, sobre o Brasil”, assinalou. O governador também falou sobre a necessidade de consolidar um cenário favorável para realizar reformas. “A criação desse ambiente político e a liderança do governante são indelegáveis”, afirmou.

Distante dos holofotes da política desde 2018, quando concluiu seu terceiro mandato como governador do Espírito Santo, Paulo Hartung levou ao encontro parte da experiência como gestor e apresentou caminhos que considera preponderantes para o avanço do Brasil. “Governar é um ato de buscar sustentação na sociedade e nas instituições. É um ato muito mais complexo do que administrar uma corporação privada”, defendeu ao apontar que todo governo, a partir de 2023, terá que repactuar pontos como a reorganização da gestão orçamentária.

Sobre os caminhos para a convergência política no cenário futuro, Hartung destacou a atuação de Caiado na fusão do DEM e PSL. “Quero parabenizar Caiado, representante do DEM. Estamos vendo o início de um processo de diminuição do número de partidos no nosso país. O que vai ajudar a governabilidade”. Hartung se embasou nos anos de experiência para afirmar que a fusão atende ao “interesse do Brasil”. “Precisamos derrubar dois muros: o das vaidades e dos projetos pessoais”, disse.

Ações estratégicas
A Comunitas é uma organização da sociedade civil especializada em modelar e implementar parcerias sustentáveis entre os setores público e privado, em busca de maior impacto do investimento social, com foco na melhoria dos serviços públicos e, consequentemente, da vida da população. Em sua 14º edição, o fórum trouxe o tema principal “Convergência e Crescimento, o Caminho Brasileiro”, com o objetivo de fortalecer um pacto coletivo para o avanço social e econômico do Brasil.

A abertura do evento foi feita pela diretora da Comunitas, Regina Esteves, e pelo diretor do Grupo Iguatemi, Carlos Jereissati. Ambos expuseram que essa edição do Encontro marca a volta do público presencial, com testagem ampla e protocolos de segurança. Segundo Jereissati, o propósito do evento é unir boas lideranças e forças para desenvolver o país e melhorar a vida dos brasileiros.

A programação contemplou ainda temas como “Governança Compartilhada e Impacto Socioambiental” e “Desafio do Crescimento: o Papel do Estado e Iniciativa Privada”. Houve ainda os lançamentos das publicações “Jornada de Formação para Novos Prefeitos” e “Mapa da Contratualização de Serviços Públicos no Brasil”.