O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa neste sábado (30) da reunião anual da Cúpula do G20. As discussões serão concentradas em torno da recuperação econômica e de questões climáticas. Para o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, o Brasil vive imagem desgastada e de isolamento do mundo e isso será visível neste encontro.
“Existe uma dicotomia entre o que os outros governos veem aqui e o que os nossos representantes, principalmente o presidente Bolsonaro, vem falando, cria-se cada vez mais uma imagem negativa do Brasil e reforça isso, principalmente no caso da COP26, da Reunião do Clima, porque o Brasil está na contramão do mundo.”
Gunther explica que mesmo Bolsonaro preparando discursos otimistas sobre o Brasil, os governantes do exterior “acompanham o que está acontecendo”. “Isso não vai conseguir enganar os governos do mundo, principalmente os governos democráticos”, pontua o professor.
Para dar um exemplo em relação ao clima, Gunther Rudzit analisa a postura do Brasil. “Enquanto que houve uma diminuição nos últimos anos da emissão do gás de efeito estufa, aqui no Brasil houve um aumento de quase 10%. Isso se deve fundamentalmente a queimadas e desmatamento.”
Gunther diz que o Brasil que será apresentado para a Cúpula do G20 “é o Brasil que o governo enxerga”. Segundo ele, ao afirmar que a economia do país está se recuperando fortemente e que ele está bem em relação às pesquisas para a eleição de 2022, Bolsonaro fala diretamente com sua base de aliados.
“Em grande parte estas falas [do Bolsonaro] são para uso interno, para o público dele, para tentar manter a base que tem, em torno de 25, 28%, se chegar a muito, 30%, unida. É justamente para conseguir usar isso nas suas redes sociais. Sua equipe é muito boa em manter a base eleitoral dele unida. Então, cria-se essa dissociação do que é a realidade, do que os fatos mostram, com o discurso oficial.”
Sobre a COP26, o especialista afirma que “será um clima bastante pesado para o Brasil”, visto que o governo brasileiro será muito cobrado em relação à Amazônia.
“Não adianta o governo apresentar um plano que vai demandar dezenas de bilhões de dólares de ajuda do mundo desenvolvido para preservar a Amazônia sendo que no passado recente, o governo brasileiro desmontou toda estrutura de preservação ambiental, renegou, não utilizou fundos verdes que já existiam e estavam disponíveis no Brasil.”
(matéria da CNN)