segunda-feira , 23 dezembro 2024
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Escalada dos juros e da inflação afeta pequenos negócios, aponta Fieg

O Conselho Temático da Micro, Pequena e Média Empresa (Compem) da Fieg, liderado pelo empresário Jaime Canedo, reuniu conselheiros e empresários terça-feira (30/11), em ambiente on-line, para debater as perspectivas da economia para os próximos dois anos. A live contou com participação do economista Murilo Ferreira Viana, que alertou sobre a necessidade de planejamento dos pequenos negócios para superar o desafio da escalada dos juros e de alta da inflação.

“A expectativa de crescimento de 2021 está acima do previsto, em grande parte devido ao dinamismo que a economia brasileira apresentou no primeiro semestre. No entanto, a disparada da inflação no segundo semestre, batendo o dobro do estabelecido pelo teto, deteriora a renda da população e corrói o poder de compra do consumidor. Os empresários precisam lidar com isso e estar atentos a esse cenário para os dois próximos anos”, afirmou o economista, ao explicar que a tendência inflacionária é mundial.

No caso do setor produtivo, Murilo Viana ressaltou como pontos mais preocupantes o encarecimento de matérias-primas e a forte aceleração dos custos de energia e logístico. Além disso, ele alertou que a demanda está fortemente impactada pela atividade especulativa, aumentando preços de diferentes produtos estocáveis. “A alta da Selic deve reverter um pouco desse movimento especulativo, deixando menos atrativa a formação de estoques”.

De acordo com o especialista, a expectativa é de forte desaceleração da atividade econômica em 2022, com inflação batendo o teto da meta (5%) e juros básicos na casa dos 11%. O Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar apenas 0,7%, e algumas instituições, como Itaú, já projetam recessão de ao menos 0,5%. “A inflação persistente, os juros elevados, as incertezas fiscais e a corrida eleitoral corroboram para cenário negativo no próximo ano. Uma ampla Reforma Tributária dificilmente será aprovada em ano eleitoral. O setor produtivo precisa estar atento a isso e pronto para defender uma proposição com tratamento diferenciado e favorecido às pequenas empresas”.

Na esfera cambial, o Real deve permanecer desvalorizado, dificultando ainda mais o papel do Banco Central na busca pela ancoragem mais acelerada das condições inflacionárias. “O cenário cambial deve ser positivo à renda agrícola, favorecendo a dinâmica econômica de regiões mais ligadas ao agronegócio”, disse Murilo Viana, o que, segundo ele, deve beneficiar a economia goiana.

O presidente do Compem, Jaime Canedo, destacou que é fundamental que o pequeno empresário se prepare para o cenário, considerando a aprendizagem que acumulou nesses dois anos de pandemia. “Em um mercado retraído, a subida de juros penaliza a população e os pequenos negócios. As empresas precisam ter muito cuidado diante desse cenário, com planejamento cuidadoso para lidar com os custos próprios da produção”, avaliou.

Para ele, os micro e pequenos empreendedores precisam indagar sobre como proteger seus negócios diante de uma perspectiva de recessão, com desaquecimento do mercado consumidor e alta inflação de custo. Jaime Canedo defendeu ainda financiamentos públicos para promoção da automação, como forma de proporcionar maior competitividade. “Os pequenos negócios têm uma dificuldade enorme para automação. Faltam financiamentos públicos para essa transformação. Esse é um grande desafio! Precisamos de uma Reforma Tributária que privilegie o pequeno, hoje penalizado pela alta carga tributária, faturando ou não”.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A reunião do Compem contou também com apresentação do programa Inove+Digital, executado pela Fieg com apoio do Sebrae. De acordo com a coordenadora de Inovação do IEL Goiás, Graziele Guedes, a iniciativa busca impulsionar a presença digital de empresas ligadas à indústria, ao comércio e aos serviços, ofertando plano de ação com foco estratégico na transformação digital, por meio de consultoria dedicada, considerando o cliente como fim e estratégia do negócio.

“O programa tem duração de quatro a seis meses, até 105 horas de consultoria e subsídio de até 90% do valor. O objetivo é promover uma transformação digital na empresa, usando o ambiente on-line para impulsionar vendas e engajar clientes e promover a competitividade das micro e pequenas empresas”, afirmou Graziele.

A reunião do Compem contou com participação do presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação no Estado de Goiás (Siaeg), Antônio Santos; do presidente do Conselho Temático de Assuntos Tributários (Conat), Eduardo Zuppani; e do superintendente da Fieg, Igor Montenegro.