Embora sejamos de gerações diferentes no jornalismo, seo Jayro foi um bom amigo. Quando trabalhava como repórter esportivo, na equipe do Mané, TBC, fui escalado para fazer uma matéria sobre os jornalistas que não escondiam seus clubes do coração. Ideia do produtor Sindomar Ribeiro, que tinha por ele total admiração. Jayro era dono de um texto sem igual, foi editor de esportes famoso no jornalismo, e trazia no rosto uma seriedade aparentemente severa. Confesso que no primeiro encontro pensei: será que vou conseguir arrancar uma boa entrevista com ele? Consegui. Por trás dos óculos estava um dos mais entusiasmados torcedores que já vi. Com o microfone na mão tinha opinião firme. Mas como torcedor do Vila Nova se derretia de amores.
Jayro Rodrigues foi, antes de tudo colorado. Foi o primeiro depoimento do meu livro: “Vila, uma Paixão”. Quando cheguei em sua casa, ali perto da TV Brasil Central, para gravar o depoimento, perguntei de supetão: como é torcer para o Vila? Ouvi de sua boca a frase que abriu o primeiro capítulo: “vilanovense nasce feito. O Vila é um imã que atrai a gente, agride a gente, machuca e mesmo assim o amamos”.
Em outra ocasião, quando fiz um documentário para lembrar o legado do ex-governador Henrique Santillo, novamente recorri ao seo Jayro. Ela sabia tudo do Santillo. Depois escrevi um livro sobre a construção do Serra Dourada, “O Grande Palco”, e ele bondosamente me emprestou fotografias e contou recortes importantes para o texto.
Adolfo Campos era louco pelo Jayro. Batista Cardoso disse que foi a pessoa mais importante em sua carreira. Estou longe, no meu exílio, mas sei que chora a amiga Nega Brechó. Chora Cid Ramos. Choramos todos nós.
Jayro Rodrigues tinha 82 anos de idade. Trabalhou no governo de Goiás e foi um grande amigo do ex-governador Marconi Perillo. Passou pelas redações dos Jornais O Popular, Diário da Manhã e Opção e foi correspondente da revista Placar. Brilhou no rádio esportivo nas equipes das emissoras: Anhanguera, CBN e Brasil Central. Revelou talentos e era muito querido pelo jornalismo. O comentarista Evandro Gomes o tinha como “grande mestre”.
Fica aqui nosso fraterno abraço a sua família. Descanse em paz, seo Jayro.
Cristiano Silva
G24h