Os ‘patriotas’ que estão a solta por aí, nos bloqueios das rodovias, nas praças, orando e lamentando nos muros do Exército país afora, são uma fraude em matéria de patriotismo.
Um patriota jamais renegaria o resultado soberano das urnas. Nunca se deixaria seduzir pelo clientelismo eleitoral da meteórica família Bolsonaro, que sairá de cena assim como chegou. Policarpo Quaresma, o verdadeiro ‘patriota’ brasileiro, estaria rindo até não poder mais dessa comédia tropical.
Bem lembrado! Deveriam ler sobre o patriotismo do triste Policarpo, coitado, que descobriu em sua paixão furiosa por este solo a face cruel do ditador Marechal Floriano.
Bravo, Lima Barreto! Mil vezes bravo! Pelo que me consta, o patriota Quaresma acreditava que os índios são os verdadeiros brasileiros e por isso até quis resgatar e adotar a língua tupi-guarani como idioma nacional. Os patriotas de hoje não são chegados em índios. Ignoram o desmatamento da Amazônia, seus ídolos são ‘caras-pálidas’. “Quem me dera ao menos uma vez ter de volta todo o ouro que entreguei a quem conseguiu me convencer que era prova de amizade se alguém levasse embora até o que eu não tinha”.
Ricardo Coração dos Outros, professor de violão e amigo de Policarpo, aplaudiria de pé ‘Índios’ de Legião Urbana, produto nosso. Ah, nossa música, nossa literatura, nosso teatro, nossos artistas, nosso circo, nossos palhaços, nosso povo já foi mais patriota.
Essa gente aí, que se diz patriota cospe na cara da nossa cultura, usam a lei ‘Rouanet’ como navalha. Que patriotismo é esse, meu Deus? As eleições não prestam, os artistas são vagabundos, a imprensa é lixo, Bolsonaro é ‘deus’.
Policarpo Quaresma teria vergonha dessa patifaria toda. Aos navegantes recomendo uma aula sobre o significado de uma postura nacionalista forte na obra imortal de Lima Barreto. Se puderem, ouvindo Índios.
“Quem me dera ao menos uma vez acreditar por um instante em tudo que existe e acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.”
Cristiano Silva
G24h