Em seu artigo na revista Fórum, publicado neste final de semana, o professor e doutor em ciências jurídicas, Frederico Assis Brasil fez uma reflexão do cenário “terra de ninguém” neste faroeste goiano criado por Ronaldo Caiado, onde alguns policiais militares agem como pistoleiros, outros como capangas, e o poder judiciário fecha os olhos.
Frederico lembrou que o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ/GO) está sendo monitorado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por denúncias de violações dos direitos humanos nos presídios com maus-tratos, torturas, e choques elétricos.
Citou também sobre a perseguição que o desembargador Adriano Roberto Linhares sofreu após criticar o sistema adotado por alguns militares com práticas de torturas e assassinatos.
Sublinhou a realidade: “Infelizmente, a lógica inercial tacanha de colonial cidade pequena e ruralizada antidemocrática, que vive entre a cruzes dos religiosos e a espadas dos coronéis, tem feito os juristas esmorecerem em Goiás diante da coerção do caiadismo”, escreveu e concluiu:
“Completa a série de atitudes questionáveis do judiciário goiano, a tibieza sardônica do Ministério Público de Goiás, diante do caso dos maus tratos das escolas municipais denunciados em janeiro de 2024 por funcionários, em patente desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essa preliminar não ação do Ministério Público, na véspera da corrida eleitoral de 2024, o que poderia desgastar ainda mais a imagem de um prefeito com cara e mentalidade de vice, demonstra que em Goiás, mesmo os órgãos federais criados para ser um megafone contra as mazelas da injustiça social, parecem temer os donos do poder, em função dos seus arsenais midiáticos e suas pressões clientelistas. Afinal, no contrário da “terra de ninguém” que virou Goiás, manda quem pode, no caso, o Caiado e Cruz, e obedece quem é juiz ou promotor.”
Frederico Assis Brasil é professor Urbanidade na UFSJ, com doutorado no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFRJ e idealizador do Oposição com Liderança.