terça-feira , 5 novembro 2024
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COD: a polícia que ‘matou mais’ sob o comando de Edson Melo

Fato

• Em junho de 2022, o tenente coronel Edson Melo disse em um programa na TV Brasil Central que a “polícia tinha que matar mais”. Após perder a campanha eleitoral para deputado federal, o dono da frase ganhou do governador Ronaldo Caiado um comando, o de Operações de Divisas – COD, que sob a orientação dele passou a matar como nunca antes na história. Relatos de confrontos do COD pipocaram, sempre com a mesma narrativa. O último deixou dois mortos, Junio José Aquino Leite, 40 anos, e Marines Pereira Gonçalves, 42 anos. A troca de tiros era falsa, com armas plantadas. Foi o fim da carreira do comandante Edson, que deixa rastros de sangue pelo caminho.

Falso confronto do setor Jaó

• A abordagem aconteceu nesta segunda-feira (1º), no Setor Jaó, em Goiânia. Na filmagem do celular da própria vítima, que tinha um programa ‘espião instalado’, o policial do COD aparece plantando uma arma na cena do crime, após atirar e matar o homem que estava desarmado. Depois, a equipe relatou à Polícia Civil (PC) que encontrou duas armas com os suspeitos que estavam no carro, um revólver e uma pistola que serão periciados. Era tudo mentira.

Mortes e promoções

• Os três policias envolvidos nos assassinatos do setor Jaó foram promovidos 12 vezes. De 2019 pra cá foram 7 por ‘atos de bravura’ e dez ocorreram no governo Caiado.

• Promoções que levariam anos pelos caminhos naturais foram encurtadas, e a senha para tanto sucesso foi matar, matar e matar. Confrontos e mais confrontos. Relatórios criativos, dignos de cinema. Seriam verdadeiros ou falsos? Boa pergunta. Uma auditoria poderia lançar luz aos fatos.

• Wanderson reis dos Santos, 2º tenente, Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira, 2º sargento, e Wellington Soares Monteiro, 3º sargento, estavam na ocorrência do setor Jaó. Os três foram afastados de suas funções. Mas se não tivessem caído na própria cilada, estariam preparando outra promoção por ato de bravura. Eles aprenderam a fazer isso. O jornal O Popular revelou nesta quarta-feira (3) que o trio, que tem 10 anos na polícia, foi bastante prestigiado com promoções no governo Caiado.

Opinião

• Se Caiado tivesse valorizado a polícia, pagando a Data-base, dando aumento de salários, se não tivesse criado a regra da hora extra; morra de trabalhar para ganhar mais, se não tivesse adoecido a tropa com seu chicote, se não tivesse feito discursos políticos para se promover destacando a matança como obrigação policial, se não tivesse envolvido a Segurança Pública em uma farra de ‘bravuras questionáveis’… a história da Instituição não teria agora mentiras e marcas de sangue. A Polícia Militar merece respeito, governador. – Cristiano Silva

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