Os gêmeos vão nascer nos próximos dias e não conhecerão o pai. A mãe terá que enfrentar as adversidades de uma gravidez de risco sem o apoio do marido.
Um policial militar está preso. A ansiedade o consome aos poucos, principalmente porque sabe que a esposa terá que enfrentar os últimos dias de uma gravidez de risco sem o apoio dele. Seus olhos lacrimejam quando lembra que não poderá ser o primeiro a conhecer os gêmeos tão esperados.
O fato é real. Trata-se de um dos militares do Comando de Operações de Divisas (COD) que cumpre prisão preventiva por ter participado da execução de dois homens e simularem um confronto no setor Jaó em Goiânia no dia 1 de abril.
Marienes Pereira Gonçalve e Junior José de Aquino Leite foram assassinados, e seis policiais militares foram presos.
Ronaldo Caiado incentiva a boca miúda a violência. É adepto aos ‘confrontos’ forjados. O ex-comandante do Comando de Operações de Divisas (COD) adotou a filosofia, chegou a dizer em uma TV Pública, Brasil Central, que a policia militar tinha que “matar mais”.
Direta ou indiretamente, Caiado e o comandante motivaram os policiais a ‘matarem’ mais. A diferença é que estão livres leves e soltos, comendo do bom e do melhor, viajando por aí, sem se preocuparem com advogados, prisão ou os gêmeos que vão nascer sem conhecer o pai.
Este caso me faz lembrar do livro Eichmann em Jerusalém, publicado em 1963 pela filósofa Hannah Arendt, que descreve suas percepções sobre o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann, que estava apenas “cumprindo ordens ao matar judeus”. A obra virou filme: “Banalidade do mal”.
Resta saber se os militares presos em Goiás vão assumir sozinhos ou confessarem que ‘estavam cumprindo ordens’; de duas uma: a banalidade da vida no governo Caiado é uma ordem ou os policiais militares envolvidos nestes confrontos são assassinos por conta própria.
Cristiano Silva
Editor