Caiado nunca gostou de Jair Bolsonaro (PL). Embora compartilhem da direita, um na ala ‘matuta’ e o outro na militar, a relação entre os dois foi talhada a ‘canivetadas’.
Os ‘risinhos’ de retratos acabaram na pandemia da Covid-19, quando Caiado demonstrou a pontinha de inveja por não ser Bolsonaro, que na cabeça dele é inferior, e passou para o outro lado do balcão, meteu um jaleco de médico e foi ‘politicar’ ao lado do ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, que virou-se contra seu chefe.
Pouco tempo depois, Caiado precisou de Jair Bolsonaro para enfiar Goiás no Regime de Recuperação Fiscal e conseguir dar o calote oficialmente na União, já que suas liminares na justiça estavam manjadas. Então, ele escondeu as garras, fingiu ser tudo mal entendido e passou a bajular o presidente, quando conseguiu o que queria, voltou ao estágio original do “eu deveria ser o chefe da nação, não esse cara”.
Após os ataques do dia 8 de janeiro nos Três Poderes, em Brasília, Caiado pensou que seria o fim de Bolsonaro, imediatamente mandou dizer na imprensa nacional que estava colocando cerca de 270 celas nas cadeias goianas à disposição do Poder Judiciário: no Presídio Estadual de Águas Lindas de Goiás e na Central de Triagem, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Não foi o fim do bolsonarismo. Então, mais uma vez ele escondeu as garras, baixou as orelhinhas e se aproximou todo prosa, pensando que seria ungido para liderar a direita brasileira no lugar do inelegível. Abraçou Gustavo Gayer, vestiu a camisa amarela da seleção brasileira e foi gritar por anistia aos golpistas na avenida Paulista, os mesmos que seriam trancafiados nas celas que ele ofereceu. Não colou.
Agora, fingindo ter sido enganado pelo bolsonarismo, dando uma de puritano no cabaré, Caiado diz que é preciso separar a massa da cúpula golpista e punir os culpados. Ele abriu os olhos apenas agora, quando um lobo solitário se explodiu com uma bomba caseira? Me engana que eu gosto.
Caiado quer punir Bolsonaro, vê-lo preso. Precisa disso para continuar alimentado seu sonho de ser o dono da direita. No papel é lindo, na prática: impossível.
Cristiano Silva
Editor
