Só sei que foi assim…
Depois de 20 anos João Grilo volta a pacata Taperoá, onde Chicó o transformou em uma espécie de ‘Roque Santeiro’, por ter sido morto e revivido “com a graça do nosso sinhó”. Mas as coisas andavam mudadas. A cidade tinha uma emissora de rádio, onde a oposição, representada pelo sabido lojista Arlindo (Eduardo Sterblitch) preparava uma estratégia para tomar o poder do coroné Ernani (Humberto Martins).
Coroné Ernani é o bicho cão do filme, grilou a fazenda do vizinho e tomou o único poço de água da cidade.
A barganha é cristalina: a prefeitura compra a água dele e ele a troca por votos. Lindo!
Para garantir a maracutaia, o fiel cangaceiro, que matou todo mundo no filme 1, virou ‘minha puliça’ do coroné, lembra um certo jagunço que atende por ‘bailarino’ e toca o terror contra quem se opõe na política de seu chefe em Goiás.
“Dizeis o que quereis”
João Grilo retorna e bate de frente com o destino. Acaba se transformando em ‘terceira via’, cai na graça do povo. Se lança candidato a prefeito, com o apoio de Chicó, dos explorados e dos miseráveis. Claro, vira saco de pancada, pois desperta a ira do coroné e do radialista, que se juntam para manterem o poder pela rádio e com a compra de votos.
Grilo acaba morto em uma emboscada, feito um certo ‘Fábio Escobar’, e vai novamente encontrar Deus, o Diabo e a Santa.
Pra você ‘coroné’
O filme é campeão de bilheteria no Brasil, talvez pelo sucesso da primeira peça, mas agora aponta o dedo na cara de quem se acha ‘coroné’, que ficou rico graças a grilagem de terras comandada por sua família; que toca o terror e manda ‘cancelar’ seus adversários políticos.
Um libelo, onde a arte mais uma vez cumpre o seu papel ao copiar a vida real para mostrar como é feio o bicho papão.
Cristiano Silva
Editor