• Torcida velada
Ronaldo Caiado torce pela prisão de Jair Bolsonaro. Não diz em público, mas age como quem precisa urgentemente desse desfecho.
A cada depoimento no Supremo Tribunal Federal que aproxima o ex-presidente da condenação por tentativa de golpe, cresce a expectativa de que um vácuo de liderança se abra na direita.
É nesse espaço que Caiado tenta se encaixar. Fora de cena, Bolsonaro não grita, não veta e não manda recado — exatamente o que o ele deseja.
• Pré-candidatura
No início do mês passado, Caiado promoveu em Salvador um evento de pré-lançamento da sua candidatura à Presidência da República. A tentativa de protagonismo nacional, porém, foi marcada pela ausência de figuras relevantes do próprio partido, o União Brasil. Nem o presidente da sigla, Antônio Rueda, compareceu.
O gesto isolado mostra que Caiado aposta na eliminação jurídica de Bolsonaro como única via para se impor como alternativa da direita em 2026.
• Mostrar os dentes sem morder
Preso, Bolsonaro perde a máquina de propaganda e a capacidade de desautorizar movimentações políticas. A situação atual, de inelegibilidade, o afasta da urna, mas não da influência, na cadeia a coisa muda de figura.
Por isso, segundo fontes nas Esmeraldas, Caiado estaria calculando: “só a prisão completa esse ciclo”.
Com o ex-presidente fora de combate, ele pode mirar o centro, negociar apoios e tentar reduzir a rejeição ao seu nome. Caiado caminha em ovos, pois ao mesmo tempo precisa mostrar os dentes aos bolsonaristas, sem morder — como mordeu tantas vezes.
Cristiano Silva
Editor