• Politicagem oportunista
Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), abandonou o que deveria ser um espaço técnico e republicano para transformar o debate da PEC da Segurança Pública em um palco eleitoral antecipado.
Ignorando a seriedade da pauta — que visa constitucionalizar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e integrar as forças federativas —, Caiado tentou manobrar o microfone em busca de holofotes, ao afirmar que a proposta seria um “presente” às facções criminosas.
A fala, além de despropositada, revela uma tentativa evidente de desgastar politicamente o governo federal, desviando o foco da discussão de mérito.
• Retórica alarmista
Ao adotar uma linguagem inflamável e alarmista, Caiado evitou dialogar com a essência da proposta: o fortalecimento da União na coordenação do setor, a ampliação das competências da Polícia Federal e o fim da fragmentação entre os entes da federação.
Caiado preferiu a retórica do medo em vez do embate de ideias, o que acabou expondo seu despreparo técnico e sua insistência em transformar uma política de Estado em ferramenta eleitoral.
A ausência de argumentos sólidos e o tom agressivo mostraram mais sobre suas ambições do que sobre qualquer ameaça real representada pela PEC.
• Constrangimento público
Coube ao deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) recolocar o debate nos trilhos ao confrontar a tentativa de distorção: “Há pessoas aqui que parecem querer que o crime continue, para terem matéria-prima para explorar eleitoralmente”, disparou.
A crítica de Patrus escancarou o uso eleitoreiro de uma tragédia social como a segurança pública e expôs, com serenidade e contundência, o descompromisso de Caiado com soluções estruturantes. Num país marcado pela violência cotidiana e o crime organizado, transformar o sofrimento alheio em discurso populista — com números distantes da vida real, como ocorre neste governo em Goiás — não é liderança é oportunismo puro.
Cristiano Silva
Editor