• Fazendas, aviões e empresas do crime
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (29) uma megaoperação contra a facção goiana Amigos do Estado (ADE), aliada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
As investigações apontam que os grupos movimentaram mais de R$ 70 milhões em oito meses, usando fazendas no Tocantins como base logística para o tráfico de drogas.
As propriedades funcionavam como pistas clandestinas de pouso, onde aeronaves descarregavam até 500 kg de cocaína, com cargas avaliadas em mais de R$ 15 milhões. Também serviam de apoio para caminhões, carretas, veículos de luxo e embarcações.
O dinheiro era lavado por meio de empresas verdadeiras e de fachada, entre elas construtoras, e direcionado ao 4TBANK, banco digital fundado pelo próprio PCC.
• Quem descobriu?
O esquema veio à tona após uma abordagem da Polícia Militar do Tocantins, em abril de 2024, no posto fiscal de Novo Jardim, na divisa com a Bahia. Dois integrantes da ADE foram flagrados transportando mil litros de combustível de aviação, com destino a uma fazenda em Almas (TO).
Um dos detidos tinha mandado de prisão em aberto. A partir do flagrante, a PF iniciou as investigações que revelaram a atuação interestadual da facção. Em Goiás, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Goiânia, Goianira e Aparecida de Goiânia.
• E agora, Caiado?
A operação ocorre um dia após o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), criticar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a proposta de unificação das polícias no país. Caiado afirmou que a medida seria “um presente às facções criminosas”.
No entanto, a megaoperação coordenada pelo governo federal, com apoio integrado das polícias estaduais, contradiz o discurso e evidencia que a cooperação entre forças é justamente o que permite ações eficazes contra o crime organizado.
O caso reforça o argumento de que a integração entre polícias federais e estaduais, como propõe a PEC da Segurança Pública, é uma resposta concreta à atuação de facções interestaduais.