Antônio Gomide, prefeito de Anápolis, tornou-se o queridinho do PT. Foi até colocado à disposição do partido para as eleições de outubro. Mas na retrospectiva de 2013, ele teve mais pontos negativos do que positivos. Anápolis deixou de ser “Paraisópolis” para ser um município comum, com inúmeros problemas e deficiências na gestão.
Para começo de conversa, a administração se desgastou, com críticas na área de gestão, o que põe abaixo a teoria de que Gomide seja mesmo esse ás da administração pública.
E as críticas nem são direcionadas pela oposição, que praticamente inexiste em Anápolis. Mas pelos próprios moradores e comunidade organizada sem interesse político – universidades, Ministério Público e organizações não governamentais.
Com vocês, nosso rápido levantamento do 2013 de Gomide – o ano que relativizou o novo de Anápolis com as velhas práticas da política. Senão, vejamos: que obras o prefeito inaugurou? Que benefício significativo recebeu do Governo Federal? Que propostas apresentou para Goiás? Será que Gomide já teria nascido velho?
1- Discurso contraditório
Antônio Gomide não critica diretamente o governador Marconi Perillo (PSDB), mas faz acusações de que esta gestão tucana está ultrapassada. Faz uma crítica aqui em Goiás, mas não repete a mesma em nível federal. O PT está no poder há três mandatos e nenhuma gestão democrática esteve tanto tempo no poder no Governo Federal – a não ser a ditadura.
2 – Gestão ambiental medíocre
O prefeito de Anápolis não evoluiu no atendimento das agendas ambientais. Ou seja, poderia ter, por exemplo, melhorado a proteção dos mananciais. Mas nada fez. Outra gravidade: o lixão e aterro sanitário da cidade viraram tese de mestrado. A pesquisadora Márcia Martins Carvalho diz que a Prefeitura sonega informações e não cuida de desenvolvimento sustentável. Quer coisa pior do que uma acusação científica de que o município é negligente?
3 – Improbidade na saúde
Permanece a investigação da Polícia Federal quanto ao possível desvio de quase R$ 2 milhões do Samu de Anápolis. Até agora não se explicou a denúncia de que 24 médicos receberam os salários normalmente mesmo faltando 190 dias do trabalho. As irregularidades possivelmente ocorreram entre 2009 e 2010, já na gestão de Gomide. Neste ano, permaneceu em aberto a investigação.
4 – Desrespeito ao patrimônio histórico e cultural
A Justiça decidiu pela demolição completa do Novo Terminal Urbano (Terminal 2), localizado na Praça Americano do Brasil, mas a Prefeitura fez corpo mole. Motivo de ação movida pelo Ministério Público: assegurar a visibilidade e o acesso da população à antiga Estação Ferroviária de Anápolis, que é bem tombado como patrimônio histórico municipal. A decisão, inclusive, transitou em julgado em outubro de 2011.
5 – O 13º salário de Gomide
Antônio Gomide teria recebido 13º salário, o que é vedado ao cargo que ocupa. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) exige a reparação e a devolução dos recursos públicos. O vice-prefeito João Gomes (PMDB) também teria entrado na bocada. A corte exige que os dois devolvam o dinheiro que foi embolsado indevidamente. O fato não caiu bem e chegou a ser denunciado pela imprensa.
6 – Sem proposta
Gomide é cotado a ser candidato ao governo de Goiás, mas não apresenta propostas e diferencial. Afinal, qual a diferença de sua gestão para outras que existem? Ele pode alegar que está bem avaliado, mas o Goiás 24Horas pergunta: desde quando institutos de pesquisa são sérios e respeitados plenamente? E outra: inúmeros prefeitos na história de Goiás foram bem avaliados, nem por isso se revelam os reis da cocada preta. Para linha de conta, os ex-prefeitos pepistas José Gomes (Itumbiara) Sebastião Caroço (Formosa) apresentaram índices de avaliação maiores do que Gomide. Por isso, para se cacifar, Gomide precisa se diferenciar em propostas, mas não tem conseguido.
7 – Atento aos benefícios para seu município
É verdade que Gomide repete em Anápolis o que Marconi Perillo faz por Goiás. Ele abaixa a cabeça e, a despeito dos protocolos políticos, respeita o governador de Goiás e recebe inúmeras políticas públicas direcionadas por Perillo. Ou seja, não produz intrigas ou futricas, como o prefeito de Goiânia. Antes, recebe de bom grado a atenção de Marconi – que faz o mesmo em relação à presidenta Dilma Rousseff. Pode-se dizer que este comportamento é republicano. É um ponto positivo o bom relacionamento político com o gestor do estado – o que até o impede de fazer críticas excessivas e desproporcionais, pois soaria como ingrato, traidor e calculista.
8 – Rei da buracolândia
Não é só Paulo Garcia (PT) e Maguito Vilela (PMDB) que disputam o campeonato goiano de buracos. Antônio Gomide quer o título. Anápolis está tomada pelos buracos. E a população não perdoa. Nas redes sociais existe uma ampla movimentação. A moradora Samara de Oliveira Gomes denunciou no Facebook e fez campanha de compartilhamento: “Gente isso e uma vergonha e falta de respeito com a nossa população. Olha o próprio estrago que a prefeitura de Anápolis causou, era apenas pra fazer um bueiro e acabou com o asfalto. Vamos lá Anapolino vamos compartilha essa vergonha melhor dizer uma cagada né que a prefeitura fez..se localiza no Bairro Jardim Alvorada em Frente a Escola Esther de Campos Amaral, e um risco ate para as crianças dessa escola”. A cidade está realmente ferida, conforme tem mostrado a mídia, que nunca engoliu esse ‘ar europeu’ que se tenta dar para o município carente de infraestrutura.
9 – Pouca presença do Governo Federal
Antônio Gomide fechou o ano e antes um mandato sem grandes obras na cidade. Ao contrário da vizinha Goiânia, que tem iniciativas pelo menos ousadas, como a construção de um túnel (o lavajato) ou do mega-projeto Macambira Anicuns, Anápolis é puro marasmo administrativo. Nada de grandes obras ou projetos. Não fossem as obras do Governo Estadual, a cidade estaria praticamente sem o que inaugurar. O mais grave é a pouca presença do Governo Federal, apesar de Gomide ser irmão de Rubens Otoni (PT), deputado federal da base de Dilma Rouseff.
10 – Atendimento ruim
De alguns meses para cá, aumentou a insatisfação dos moradores com o sistema de saúde anapolino. Nos últimos meses, o Brasil, pois o fato notícia nacional, acompanhou uma história no mínimo bizarra: um besouro entrou no ouvido de uma criança e o Hospital Municipal de Anápolis não realizou nenhuma intervenção quando procurado. A família de Beatriz Silva, de 7 anos, passou completo desespero. É diária a reclamação quanto ao setor de saúde, que estaria em colapso.