quinta-feira , 25 abril 2024
Goiás

Em nota, coronel Karison Sobrinho afirma que sua destituição do comando da Academia de Polícia foi resultado de espionagem do governo Caiado

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (7/2) para comunicar sua destituição do comando da Academia de Polícia Militar, o coronel Karison Ferreira Sobrinho afirma ter sido informado que a decisão partiu do Governo de Goiás como resultado do sistema de monitoramento criado pela Secretaria da Casa Militar para espionar servidores.

No texto, o Coronel Karison faz as revelações com a ponderação de que o comandante-geral da PM, coronel Renato Brum, não pediu “nenhuma reserva” do teor da reunião em que a destituição foi comunicada. “Segundo me foi dito pelo comandante-geral, os posicionamentos que eu vinhatendo, manifestados em redes sociais e grupos de WhatsApp da Associação dos Oficiais a respeito do Governo, estavam causando desconforto, e que este seria o principal motivo de minha substituição”, diz Karison.

O ex-comandante da Academia Militar afirma ainda na nota que, na reunião “me foi dito que, conhecendo a estrutura da Casa Militar – uma vez que fui Subchefe da pasta no governo de José Eliton – seria possível que eu soubesse que haveria ali uma seção de monitoramento de fontes abertas responsável pela confecção de relatórios a respeito de posturas criticas de servidores”.

O monitoramento de fontes abertas é o eufemismo utilizado pela Casa Militar para definir o esquema de espionagem. Evidentemente, há tipos diversos de espionagem. No senso comum, o termo é atribuído àqueles que se infiltram em determinados grupos com o objetivo específico de coletar informações de interesse de terceiros. Há também os casos de quebras de sigilos sem autorização prévia. O primeiro não chega a ser ilegal, ao contrário do segundo. Mas ambos são uma imoralidade, fruto de maucaratismo.

Leia abaixo o texto na íntegra:

É com um misto de surpresa e pesar que comunico que deixo o Comando da Academia de Policia Militar, aguardando apenas as formalidades próprias para que isso aconteça.

Na manha de hoje fui convocado pelo Comandante Geral que, na companhia do Subcomandante geral e do Chefe de Estado Maior Estratégico, me comunicou sobre minha retirada.

Conforme fui informado, na data de ontem o Comandante-Geral teria sido chamado no Palácio das Esmeraldas e recebido determinação do Governo para que me retirasse do Comando da Academia de Policia.

Como não me foi pedido reserva em relação ao que fora tratado com o comandante geral, tenho tranquilidade para expor o teor da conversa e demonstrar as razões da minha indignação. Indignação que é ainda maior pela contradição entre a postura do Comando da Polícia Militar – que ainda ontem me parabenizava pelo trabalho que, juntamente com minha equipe vinha sendo realizado no CAPM – e a decisão que teve de tomar por determinaçoes superiores.

Segundo o que me foi dito pelo Comandante-Geral, os posicionamentos que vinha tendo e que eram manifestados nas redes sociais e em grupos de WhatsApp da Associação dos Oficiais a respeito do Governo estavam causando desconforto e que este seria o principal motivo de minha substituição. Me foi dito ainda que, conhecendo a estrutura da Casa Militar – uma vez que fui SubChefe da Casa Militar do Governo do Dr José Eliton – seria possível que eu soubesse que haveria ali uma seção de monitoramento de fontes abertas responsável pela confecção de relatórios a respeito de posturas criticas de servidores.

Tendo realmente participado do Governo anterior – como Policial Militar que sou e tendo tido muito orgulho de contribuir com meu Estado – jamais tive conhecimento de estrutura como a que foi retratada. Segundo o Comandante, desde o inicio de seu comando estaria sofrendo pressões e criticas em relação à minha indicação para o Comando da Academia, uma vez que sendo o único remanescente do Governo anterior em cargo de confiança e sendo responsável pela formação de toda a tropa, deveria ser dali retirado.

O pesar se deve ao fato de que, alem de entender que poderia contribuir com a minha Policia Militar na formação de todos aqueles que servirão a sociedade, percebi a vulnerabilidade de um policial militar no exercício de suas funções.

A surpresa de deve à fala do Comandante, que revelou que foi orientado a não mencionar que a determinação partiu do Governo, mas como não concordava com essa postura, decidiu me contar a verdade dos fatos.
Por fim, com muito constrangimento, o Comandante afirmou que agradecia o trabalho que vinha sendo prestado na Academia de Policia Militar e que não tinha nada em meu desfavor, não tendo sequer substituto para a função até então exercida por mim, mas que tinha que tomar aquela atitude pois “ou seria a minha cadeira ou a dele”.

Me despeço com a certeza de que vinha, com a ajuda da minha equipe, fazendo o melhor que podia, mas que ainda tinha muito mais a fazer. Aguardo a designação pra a nova funçao, uma vez que meus quase 28 anos de Polícia Militar me garantem bagagem e conhecimento para contribuir e o amor à minha Instituição me dá a vontade de continuar a lutar por nossa melhoria sempre.

Karison Ferreira Sobrinho – Coronel PM – Comandante da Academia de Policia Militar.