segunda-feira , 4 novembro 2024
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Afonso Lopes: governos de Caiado e de Bolsonaro chegam à encruzilhada: se não decolarem, decepção será grande

Veja opinião do jornalista Afonso Lopes:

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi destinatário do mais abrangente conjunto que forma a esperança da esmagadora maioria da população do Estado. Os goianos não estavam satisfeitos com o período administrativo 2015/2018 – período, faça-se justiça, coincidente com a mais severa recessão econômica da história do país. Assim, majoritariamente, os eleitores que se manifestaram nas urnas viram em Ronaldo Caiado a encarnação da esperança de dias melhores. Nada menos que 6 em cada 10 eleitores chegaram à conclusão que Caiado poderia superar os gargalos administrativos que sufocavam a população.

O presidente Jair Bolsonaro precisou de dois turnos para se eleger. E, assim como aconteceu com Caiado em Goiás, ele se legitimou como a esperança de mudança no campo ideológico após o reinado da esquerda petista e os desgastes acumulados principalmente no final do 1º mandato de Dilma Roussef e o 2º não concluído mandato que abriu oficialmente a grande recessão. A vitória dele no 2º turno foi bastante expressiva contra a mais azeitada militância partidária do país, os petistas. Foram 57 votos em cada 100 eleitores que se manifestaram por um dos dois candidatos.

É inegável, e vital reconhecer, que os mandatos iniciados em 1º de janeiro ainda estão no que se poderia chamar de 1ª infância. Portanto, tanto Bolsonaro como Caiado ainda não deram aos seus governos uma cara, um semblante. Não há nem algum esboço do que poderá ser ou em que ponto eles poderão chegar, digamos, dentro de 1 ou 2 anos. O problema é que a vida está conectada demais, e as dificuldades enfrentadas pelas populações são tão grandes que represaram uma pressa inusitada atrás de soluções ou pelo menos de esboço razoável delas. Nem Caiado e nem Bolsonaro conseguiram, até aqui, oferecer isso aos cidadãos e cidadãs de Goiás e do Brasil.

E isso e um problemão. Numa analogia simples, os governos de um e de outro ainda não estão taxiando, mas precisam decolar. Não é tarefa simples nem em um caso e nem no outro. Até aqui, em alguns momentos por equívocos deles e em outros pelas enormes dificuldades que encontraram, viveram mais momentos de crise – algumas extremamente barulhentas – do que de tranquilidade. Os governos chegaram a uma encruzilhada: ou decolam, ou a decepção será muito grande, e de reversão bastante complicada.