sábado , 30 novembro 2024
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Enquanto a Saúde em Goiás e Goiânia estão em crise, em Anápolis Roberto Naves avança e define ação para agilizar atendimento

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Anápolis é referência em urgência e emergência em toda região. A média mensal de pacientes era cerca de 8 mil até o final de 2018. Desde janeiro deste ano, essa rotina mudou. A média deste primeiro trimestre ultrapassa 14 mil atendimentos por mês e vários fatores contribuíram para esse aumento.

Uma delas é a dengue, principalmente devido ao ciclo da doença que tem seu pico a cada três anos e corresponde a boa parte dos atendimentos mensais na unidade. Outro ponto é a grande quantidade de pacientes de outras cidades que procuram a UPA. Para se ter uma ideia, em 30 dias são atendidas cerca 400 pessoas de outros municípios goianos e aproximadamente 300 de outros estados como Amazonas, Roraima, Amapá, Ceará, Tocantins, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, além de Minas Gerais e do Distrito Federal.

Outro fator que contribui para o aumento do atendimento na UPA é a procura de pacientes de casos não graves –que são classificados nas cores azuis e verdes – conforme protocolo de classificação de risco na urgência e emergência. Casos como estes podem ser atendidos nas unidades básicas de saúde.

Pensando nisso, a Prefeitura busca alternativas para melhorar e agilizar o atendimento. A partir de segunda-feira, 1º de abril, estará à disposição dos pacientes da UPA um novo modelo de triagem feito por médicos e enfermeiros. Dessa forma, será possível classificar de modo mais rápido e preciso o quadro do paciente. Se ele se encaixar nos perfis azul e verde terá a sua disposição transporte para as unidades Abadia Lopes da Fonseca e Parque Iracema, que funcionam em horário estendido (até as 22h) e possuem livre demanda. Caso seja amarelo, laranja ou vermelho será atendido na própria UPA.

Triagem
O funcionamento dessa estratégia começa com a triagem. Caso o paciente seja azul ou verde terá a opção desse atendimento mais ágil em uma das unidades de horário estendido por meio de transporte disponibilizado pela Prefeitura que partirá da UPA – no período das 7h às 19h – de uma em uma hora se alternando entre as unidades Abadia Lopes e Iracema, nesta ordem. O retorno do paciente ao local de origem também será feito pelo veículo do município.

Terão direito a acompanhantes os pacientes que estão dentro dos parâmetros previstos em lei como idosos, crianças, pessoas com deficiência, entre outros. Tanto na UPA quanto nas unidades terão servidores capacitados para acolhimento e encaminhamento.

Saúde da Família
Paralelamente também será feito um trabalho educativo sobre o atendimento nas unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que são a porta de entrada de pacientes classificados com as cores azul e verde, ou seja, que apresentem sintomas menos graves. Os postos funcionam de segunda a sexta das 7h às 11h e das 13h às 17h.

Também a partir de segunda-feira, as unidades básicas terão sua rotina dividida por demandas livres e agendamentos. Serão 12 consultas por médico distribuídas dessa forma. Assim, quem tiver alguns dos sinais ou sintomas apresentados na classificação azul e verde, pode procurar o local mais perto de casa.

A exceção neste caso são as unidades que possuem convênio com faculdade para residência médica: Recanto do Sol, Anexo Itamaraty, Bandeiras, Bairro de Lourdes, Vila União e Filostro Machado. Nestes locais a demanda livre é de apenas três consultas conforme preconiza o Ministério da Saúde.

Scran
O Sistema de Classificação de Risco (Scran) é um protocolo criado pela Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Anápolis que visa avaliar e identificar os pacientes que necessitam de atendimento prioritário. Para isso, são considerados alguns critérios, como gravidade clínica, potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento.

O Scran vem sendo aperfeiçoado desde junho de 2018, quando foi implantado no Hospital Municipal Jamel Cecílio, na UPA Dr. Alair Mafra e, recentemente, na Santa Casa Misericórdia. O sistema é próprio de Anápolis, com base em dois protocolos importantes: o do Humaniza SUS e o de Manchester.

O paciente que procura atendimento médico é submetido inicialmente a uma triagem e classificado dentro de uma das cinco cores do Scran. Vermelha representa emergência e necessita de atendimento imediato; laranja é muito urgente, com atendimento em até 15 minutos; amarelo é urgente, ou seja, implica em assistência rápida; verde (pouco urgente) e azul (não urgente) informam que o paciente pode aguardar atendimento ou ser encaminhado a outro serviço de saúde.

Mas o Scran não se trata só de agilidade, mas também uma humanização na assistência médica, evitando complicações de doenças – o enfermeiro deve iniciar a avaliação para definir a prioridade de atendimento em até 3 minutos. Do ponto de vista de gestão, o sistema também garante andamento no fluxo de atendimento de toda a rede pública.

Alguns exemplos de sinais e/ou sintomas que correspondem às cores da classificação de risco (lembrando que estes podem mudar conforme sinais e/ou sintomas associados)

Azul
Troca de receitas
Mal-estar sem nenhum sintoma aparente ou associado
Troca de sondas vesicais
Retirada de pontos
Consultas rotineiras
Pedido de exames

Verde
Dor e/ou inflamação de garganta
Dor de cabeça
Pressão alta
Febre até 38,6 isolada e/ou associada a outro sintoma
Dores leves em geral
Tosse seca ou produtiva
Processos alérgicos simples

Amarelo
Febre acima de 38,6 associada com outros sinais e sintomas
Dores fortes
Vômitos intensos com sinais de desidratação
Falta de ar com oxigenação baixa

Laranja
Cólica renal
Desidratação severa
Sangramentos intensos
Pneumonia com sinais de hipóxia (baixa concentração de oxigênio no organismo)

Vermelho
Infartos
Acidente vascular cerebral
Crises convulsivas
Vítimas de armas