Incomodado com a repercussão negativa dos apupos que o governador Ronaldo Vaiado, ops, Caiado tomou na cidade de Goiás, o Palácio das Esmeraldas acionou o redator de plantão neste feriadão da Semana Santa para produzir um texto dando outra versão à desastrada participação do mandatário na Procissão do Fogaréu, que somente o jornal O Hoje publicou.
Mal escrito, cheio de lugares-comuns e alguns erros de português, o texto palaciano ‘chupa’ da canção Bailes da Vida, de Milton Nascimento, o verso “todo o artista tem de ir aonde povo está”.
Na paráfrase pobre e pouco inspirada do caiadismo, o verso do cantor e compositor mineiro foi adaptado para “político tem que estar no meio do povo”.
O texto redigido às pressas em palácio diz que “vozes surpresas ecoavam repetidamente, do meio dos fiéis e visitantes, quando o governador Ronaldo Caiado decidiu abandonar o trajeto que comumente os políticos fazem, do Palácio Conde dos Arcos até a Casa do Iphan, para subir e descer as ruas e becos da cidade de Goiás”.
E arremata: “Caiado não assistiu, ele fez parte da Procissão do Fogaréu. As pessoas se aproximavam para abraçar, abençoar, parabenizar e registrar em fotos e vídeos o momento com o governador do Estado”.
Na correria, o redator do palácio se esqueceu de um detalhe importante, que acabou registrado em vídeo divulgado em primeira mão pelo G24H e posteriormente veiculado pela TV Anhanguera: a sonora vaia que Caiado tomou na procissão.
Ou seja, “as vozes surpresas” anotadas no texto oficialesco não surgiram repentinamente para saudar Caiado “no meio do povo”, mas para vaiá-lo de forma implacável como nunca aconteceu na história das passagens de governadores pela antiga Vila Boa.
O resto, bem, o resto fica por conta da imaginação fantasiosa do esforçado redator de plantão do Palácio das Esmeraldas.
Afinal, ele deve ser bem pago para produzir ficção e agradar o patrão.