segunda-feira , 25 novembro 2024
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O Popular: inquérito desmente secretário de Segurança Pública e descarta maquiagem de estatísticas de homicídios no governo passado

Após quatro meses de investigação, a Polícia Civil pediu o arquivamento do inquérito aberto em outubro a pedido da secretária Segurança Pública, Rodney Mirada, que afirmou ter indícios de manipulação nos dados sobre homicídios registrados no estado em 2018, durante o governo anterior.

Dos 51 registros de atendimento integrado (RAIs), espécie de boletim de ocorrência, com indícios de adulteração, o delegado Rilmo Braga, titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), diz ter confirmado apenas dois casos do que ele chamou de “erro humano” e descarta ter encontrado qualquer má intenção em quem cometeu tais equívocos.

Braga acredita que os problemas nos registros de homicídio se devem muito mais à fragilidade com que é montado o sistema de dados da SSP-GO, que dá acesso a uma gama enorme de servidores públicos para preencher os RAIs, reduzindo a sua qualidade.

“Há uma grande fragilidade e isso reside no fato do mau preenchimento dos RAIs. A ocorrência pode ser registrada por qualquer servidor público, até em Vapt Vupt, e isso não é comum no Brasil. É uma peculiaridade em Goiás e outros poucos Estados que acaba abrindo demais a possibilidade e fragiliza a qualidade do preenchimento”, comentou o delegado.

O inquérito foi aberto por suspeita de crime previsto no artigo 313-A do Código Penal, que trata, entre outras coisas, do servidor autorizado que faz a inserção de dados falsos ou alteração de informações corretas em sistemas informatizados ou banco de dados da Administração Pública. A pena é de 2 a 12 anos. Desde 2017, este tipo de crime, quando cometido por um militar, fica na esfera militar.

As suspeitas em relação aos dados sobre homicídios teriam partido também da atual gerente do Observatório, Sandra Rejanne de Alencar Bezerra, que assumiu o cargo em meados do ano passado. Ao fechar o registro de setembro de 2019 e comparar com o de 2018 teria observado supostas discrepâncias.

O ex-gerente do Observatório, tenente-coronel Geyson Alves Borba, disse, em entrevista ao POPULAR publicada no dia 10, que descartava qualquer manipulação e disse que registros errados são possíveis, sendo corrigidos por auditorias. Procurado novamente, Borba disse que preferia não se manifestar.

O inquérito que apurou possíveis manipulações nos dados sobre homicídios em Goiás foi aberto em 21 de outubro do ano passado, a pedido do titular da secretaria e Segurança Pública, Rodney Miranda.

No dia 7 de novembro, o secretário disse que uma das questões a serem respondidas na investigação é se as irregularidades “foram a mando (de alguém), quem fez e por que fez”

Na época, ele chegou a dizer acreditar que as supostas manipulações tinham o intuito de “maquiar os dados, talvez até com proveito eleitoral, mostrar que a situação não estava tão grave quanto realmente estava”.