Trocar uma vida de perseguição no então lixão, hoje aterro sanitário de Anápolis, pela tranquilidade de trabalhar em uma cooperativa de reciclagem. Esta é a realidade atual da presidente da Coopersólidos, Eliana Ferreira da Silva Cunha, e de mais 12 cooperados. Ela ainda se recorda da época em que os catadores foram retirados do local, o tempo em que se acidentavam ao correr atrás de caminhão e as doenças constantemente adquiridas.
Eliana Cunha se lembra das crianças, que eram levadas pelos pais e ficavam em meio ao lixo, ajudando nas buscas por materiais recicláveis, o sol quente e até mesmo cadáver sendo encontrado. “Era muito sofrido. Hoje temos dignidade. Todo lucro é dividido entre os cooperados”, ressalta. Moradora do bairro Santo Expedito, ela conta que criou os três filhos com a reciclagem. “Um trabalho digno e que, com a cooperativa, é muito organizado”, destaca.
Lucas de Oliveira Souza tem 18 anos e desde criança observava o avô, a mãe e o tio no trabalho de reciclagem. Há quatro meses ele trabalha na cooperativa, e reforça à população a importância da separação do lixo em casa. “Isto é bom para o meio ambiente e nos ajuda muito”, diz. O jovem destaca ainda que seu trabalho ajuda na renda familiar.
A cooperativa é uma importante política pública ambiental da Prefeitura de Anápolis por orientar e incentivar a população a promover a separação de tudo que pode ser reciclado, além de dar dignidade aos trabalhadores do setor, promover a geração de renda e o reaproveitamento de materiais descartados, dentre outros aspectos.
Coleta seletiva
Para o secretário municipal de Meio Ambiente, Habitação e Planejamento Urbano, Mauro Douglas Ribeiro, a importância da coleta seletiva é a redução dos impactos ambientais, pois a separação correta dos resíduos é também um dos pilares do consumo sustentável. Especificamente sobre a reciclagem, ele destaca que quando os materiais chegam às cooperativas, são separados minunciosamente para serem reaproveitados.
Mauro Douglas ressalta que todo este caminho tem uma grande importância, pois o lixo descartado incorretamente pode causar impactos socioambientais significativos. “Nas áreas urbanas, o lixo descartado pode se acumular em locais inadequados, resultando em focos de proliferação de mosquitos e outros vetores de doenças; poluir rios e córregos; entrar na cadeia alimentar de espécies; materiais perigosos, como pilhas e baterias, por exemplo, poluem o solo, contaminam água e até mesmo o ar”, detalha.
Ele informa que a Secretaria de Meio Ambiente dispõe de seis caminhões que fazem a coleta dos recicláveis de porta em porta, em 152 bairros da cidade, e orienta o morador a acompanhar o calendário e horários. Desta forma é possível fazer a separação e destinar adequadamente o que pode ser reciclado. “Ao diminuir o descarte inadequado, reduzimos o lixo nas ruas, nas praças, nos parques, nas áreas de preservação, em córregos e rios, contribuímos para a preservação ambiental”, alerta.