Na última semana, Fernanda Montenegro, de 92 anos, foi eleita uma imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Em entrevista ao “Fantástico”, neste domingo, ela repercutiu a conquista de ser a nona mulher a receber o título, além de comentar o cenário político brasileiro e criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Primeiro eu tenho que ser empossada (na ABL) e, aí, saber o que eles querem de mim, o motivo para me aceitarem”, comentou a artista, que vai ocupar a cadeira 17, usada anteriormente pelo diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, morto em março de 2020.
Fernanda, que se dedica a textos de Nelson Rodrigues e da filósofa Simone de Beauvoir há décadas, comentou ainda a necessidade de maior representatividade feminina e negra. “Se tem representantes nas áreas médicas, de Direito e de Sociologia lá dentro, por que não mulheres? E também de qualquer raça. Há necessidade de uma presença das personalidades negras lá dentro”, defendeu.
Quanto ao cenário político nacional, a atriz falou calmamente sobre a desvalorização da arte por parte do governo de Jair Bolsonaro. Questionada a fazer um paralelo com a Ditadura Militar (1964 – 1985), ela disse que é ainda pior. “É pior (que a Ditadura) porque veio pelo voto, então há uma organização política por trás, tradicional, que opta por essa calamidade e por essa tragédia. Em todo governo de força, a primeira coisa é estrangular a cultura das artes, porque é um onde o país existe com a assinatura e com a opção de um futuro”, falou ela para a repórter Sônia Bridi.