• Doces, travessuras e anistia
Caiado (UB), governador de Goiás e pré-candidato à presidência, com 2% nas pesquisas, parece ter encontrado um novo passatempo: distribuir anistias como quem joga balas de goma no desfile do Sete de Setembro.
Se você foi preso no 9 de janeiro em um daqueles ônibus que “minha puliça” do Caiado perseguiu, prendeu e entregou na Papuda, relaxa. Tem anistia vindo aí.
Se subiu no telhado do STF ou quebrou vidro do Congresso, fique tranquilo, o perdão está a caminho. O que antes era crime, agora virou motivo de comiseração. O mesmo homem que anunciava “zero tolerância com vandalismo”, hoje quer ser o padroeiro do arrependimento.
• Celas da Coerência
Quem não se lembra do Caiado indignado, em janeiro de 2023, dando coletiva ao lado do secretário Renato Brum? “Ataque terrorista”, vociferava. “Não aceitaremos vandalismo em Goiás!” bradava.
Anunciava até vagas no sistema prisional, como se fosse hotel de temporada: 270 leitos disponíveis, café da manhã incluso. Na época, até o Batalhão de Choque do Entorno estava em alerta máximo.
Hoje, o mesmo homem prega clemência, arrependimento e, talvez, um abraço coletivo entre patriotas, STF e a rede Globo.
• Prendeu e entregou aos leões
Em 2023, Caiado mandou interceptar ônibus com manifestantes bolsonaristas. Oito veículos apreendidos, passageiros encaminhados para prestar depoimentos e, na sequência, enviados para a Papuda e Colmeia, sem escalas.
O governador, orgulhoso, dizia estar cumprindo ordens do ministro Alexandre de Moraes. Hoje, ele age como se fosse uma espécie de “Sinhozinho” Malta do Cerrado, dono da lei, da ordem e do perdão.
• Contradições
Em 2023, Caiado era o xerife constitucional, combatendo “terroristas da extrema-direita”, como definiu os presos. Em 2025, passou a distribuir perdões com a mesma frequência com que concede entrevistas.
O espetáculo segue — estrelando: Caiado, um político que só não perdoa o próprio passado.
Cristiano Silva
Editor